E a semente caiu em terras Brasileiras!
Em 1938, no dia 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, aportou no Rio de Janeiro, Brasil, o primeiro Grupo de cinco Irmãs Franciscanas de Ingolstadt, e em 1939, chegou o segundo grupo de sete Irmãs. Elas lançaram a semente do novo “Vale de Graças” em terras brasileiras, iniciando seu trabalho em Aiuruoca e Baependi – MG. Atuaram nas paróquias, nos hospitais e nas escolas.
No início, as Comunidades das Irmãs tinham sua sede no prédio dos Colégios, seus históricos se fundiam, tornando indissociáveis a vivência de ambas as realidades. O colégio, espaço do saber, não era apenas seu campo de trabalho, era também sua vida, sua casa, seu lugar de fraternidade.
Nas terras de Minas Gerais…
As cinco primeiras missionárias chegaram a Aiuruoca, Minas Gerais, em 23 de dezembro de 1938 e, a partir de 1939, desenvolveram ali um trabalho que perdurou por dez anos. O início de sua missão se deu em um minúsculo e humilde hospital – “Santa Casa”, dedicada a São Vicente de Paula, onde as Irmãs tratavam os doentes, trazidos por suas famílias, no lombo de cavalo ou a pé; vinham muitas vezes percorrendo distâncias enormes. No início, a residência ficava anexa ao hospital. As Irmãs improvisaram salas de aula e passaram a lecionar para atender o grande anseio da população por uma Escola Básica e Curso de Formação de Professores. No ano seguinte, foi construída a Escola Paroquial Santa Edwiges, ampliada já em 1940, com acomodações para internato de meninas. Na Igreja, as Irmãs eram responsáveis pela limpeza, pelos paramentos e instrumentos do culto. Dirigiam a Liturgia, os ensaios de coral e a catequese das crianças, até que o próprio povo assumisse esses afazeres.
O segundo grupo das Irmãs chegou ao Brasil em agosto de 1939. Este iniciou sua missão de amor na cidade de Baependi, terra da querida mineira negra – a bem-aventurada Nhá Chica, igualmente no pobre hospital, “Santa Casa”. Já em 1940, deu-se início ao Instituto Santo Inácio, numa residência de família, enquanto se lançavam as bases do atual Colégio Franciscano Santo Inácio, também com acomodações para Internato, a fim de atender as meninas das fazendas e vilas, espalhadas por entre as montanhas verdes do Sul de Minas.
As Escolas Santa Edwiges, de Aiuruoca, e Santo Inácio, de Baependi, tiveram um desenvolvimento muito rápido. As Irmãs implantaram cursos que vinham de encontro às necessidades do povo simples do interior. Era ofertado o Ensino Fundamental e três anos de Magistério e, em Baependi, também os cursos noturnos de Administração e Secretariado. As Irmãs ministravam aulas de Religião e Catequese. Também tinham o cuidado de preparar as futuras professoras para que fossem boas catequistas, dando-lhes uma sólida formação religiosa.
Onde missionaram Anchieta e Galvão também missionaram as Irmãs do Gnadenthal!
Em dezembro de 1946, oito anos depois da chegada em Aiuruoca e já contando com Irmãs brasileiras, quatro Irmãs foram para São Paulo. O motivo principal foi a necessidade de fixar-se em um centro urbano maior para garantir a manutenção e a expansão da Congregação, bem como conseguir melhores condições de formação espiritual e profissional para as novas Irmãs. Outras quatro Irmãs permaneceram em Aiuruoca por mais dois anos, dando continuidade ao Colégio S. Edwiges e administrando o Hospital, até o final de 1948.
Em São Paulo, com muito entusiasmo e esforço, as Irmãs adquiriram das Irmãs Servas do Espírito Santo a pequena escola primária Nossa Senhora Aparecida. Em 22/01/1947, o Instituto N. Sra. Aparecida foi entregue às Irmãs Franciscanas que assumiram a sua direção, começando com as matrículas. Localizava-se no Bairro de Indianópolis (hoje Moema), uma região de periferia, cercada de campos, ruas sem asfalto e com poucas casas. Nesta mesma região, atualmente, as Irmãs continuam na Comunidade e no Colégio Franciscano Nossa Senhora Aparecida (Consa), na Comunidade Santa Teresa e, a partir de 1989, na Sede Regional Santa Elisabeth, no Bairro Jardim Lusitânia.
Embora a comunidade Nossa Senhora Aparecida guarde a alegria de ter abrigado a maior parte das Irmãs ao longo da história da Congregação no Brasil, a presença das Irmãs em São Paulo não se restringiu a ela. Com o anseio de ser presença no meio do povo simples e de ter um espaço para a oração e descanso, no ano de 1956, as Irmãs adquiriram um sítio em Embu Guaçu. O que seria espaço de descanso, transformou-se em espaço de missão. Com o passar dos anos, as Irmãs assumiram a catequese na região, criaram clube de mães, atenderam os pobres e os colonos alemães da região e, por fim, em 1984, criaram o Colégio Franciscano Santa Clara, que atende as comunidades da região.
Buscando ser fieis a sua vocação, as Irmãs se fizeram e estão presentes em algumas realidades da cidade de São Paulo. Em 1959, aceitaram a administração do Lar Maria Albertina, internato para meninas órfãs, no sul da cidade, a princípio no bairro do Morumbi, depois, transferido para o Jardim São Luís. Hoje, esta Unidade abriga, além do CEI – Lar Maria Albertina, o Colégio Franciscano Santa Isabel e o Centro Franciscano de Acolhimento (este, com período integral).
Caminhos do Sul – Paraná
No desejo de apresentar o Carisma para novas vocacionadas, as Irmãs deram continuidade à expansão da Congregação nas terras do Sul do Brasil, histórico celeiro de vocações religiosas no Brasil. Após algumas experiências no Estado de Santa Catarina, as Irmãs chegaram e se estabeleceram, por intermédio dos Padres do Verbo Divino, no pequeno povoado da Penha, no município de Corbélia. Sua residência foi dedicada a N. Sra. Aparecida, aquela que sempre velou pelas Irmãs, desde sua chegada ao Brasil no dia de sua festa. Em 1989, o Bispo diocesano, Dom Armando Círio, preocupado com o desafio da Evangelização das periferias de Cascavel, cuja população crescia vertiginosamente, solicitou a transferência da Comunidade das Irmãs para o Bairro Periolo, onde permanecem até hoje.
Em 1964, a convite do povo, as Irmãs Franciscanas de Ingolstadt se estabeleceram em São Miguel do Iguaçu/PR e até hoje dirigem o Colégio Franciscano Nossa Senhora de Fátima, e marcam forte presença na Pastoral Paroquial.
Em 1965, novamente, através dos Padres do Verbo Divino, as Irmãs resolveram fundar uma casa que servisse de ponto intermediário entre São Paulo e o Oeste Paranaense. A cidade escolhida foi Ponta Grossa. Hoje, a presença das Irmãs se faz por meio do Colégio São Francisco, na Colônia Dona Luiza, e do Noviciado da Congregação – Centro de Formação Nossa Senhora da Paz, junto ao qual também foi criada uma Casa para Retiros, Encontros de Formação, de Espiritualidade, Treinamentos, ambos localizados no Bairro Contorno, Vila Santa Teresinha.
E a Canção das Franciscanas de Ingolstadt se fez ouvir em solo amazônico…
A presença das Irmãs em terras amazônicas se deu primeiramente em Altamira, quando um forte apelo da igreja pedia a presença missionária entre os povos da Região Norte. Esse período coincidiu com a construção da Transamazônica, palco de inumeráveis levas de migrantes, vindos das mais variadas regiões do país e que se tornou cenário de conflitos sem conta; eram os olhares voltados para as riquezas da floresta e à posse da terra. Irmã Érica Strasser foi a primeira a dizer sim ao convite de Dom Eurico Kräutler para o trabalho em Altamira/PA, seguida das irmãs Adelina Faciochi e Stefânia Fath, no ano de 1973.
Hoje as Irmãs, embora considerem que toda presença é missionária, mantêm frentes de missão no Pará nas cidades de Altamira, Uruará (na Transamazônica) e em Moju, sendo presença no meio do povo, trabalhando nas realidades desafiadoras, levando esperança e a mensagem libertadora de Jesus.
Motivadas pelo sopro do Espírito Santo e ligadas ao Carisma comum do Pai Seráfico, Francisco de Assis, querem e buscam ser presença no meio do povo e, desta forma: “Seguir Jesus Cristo, Pobre, Crucificado e Misericordioso, como Irmãs de todos, para promover e restaurar a Vida, transformando o vale de lágrimas em Vale de Graças”.