21.09.2022

Como compreender a vontade de Deus?

É preciso rezar a Deus e pedir todos os dias a graça de entender a Sua vontade e de realizá-la completamente, nos ensina o Papa Francisco.

O Pai-Nosso é uma oração que acende em nós o mesmo amor de Jesus pela vontade do Pai, um chamado que nos impulsiona a transformar o mundo com o amor. O cristão não crê em um fato inevitável. Não há nada de aleatório na fé dos cristãos.

Deus, com seu amor, bate à porta do nosso coração para nos atrair a Ele e nos levar avante no caminho da salvação. Quanto amor há por trás disso!

Por outro lado, “há uma salvação que espera manifestar-se na vida de cada homem e mulher e realizar-se na eternidade. Se rezamos, é porque acreditamos que Deus pode e quer transformar a realidade vencendo o mal com o bem. A esse Deus faz sentido obedecer e abandonar-se mesmo na hora da provação mais dura.

Essa é a atitude de Jesus no Horto de Getsêmani, quando experimentou a angústia e rezou: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice. Mas não seja feita a minha vontade, e sim a tua”.

Realizar a vontade de Deus, um desafio!

O Papa reconhece que não é fácil realizar a vontade de Deus. Para o próprio Jesus, não foi fácil ser tentado no deserto e no Horto das Oliveiras. Também não foi fácil para alguns discípulos que acabaram deixando Jesus porque não entenderam o que significava “fazer a vontade do Pai”. E da mesma forma, não é fácil para o homem e a mulher de hoje fazer a vontade de Deus.

Deus, por amor, pode nos levar a caminhar por caminhos difíceis, a experimentar feridas e espinhos dolorosos, mas jamais nos abandonará.

‘Eu rezo para que o Senhor me dê a vontade de fazer a sua vontade ou busco acordos porque tenho medo da vontade de Deus?’, pergunta-nos o Papa Francisco.

Maria, exemplo de mulher que cumpre a Vontade de Deus

Quando o mundo ignora Maria, “quando ela é uma simples jovem futura esposa de um homem da casa de Davi, Maria reza. Podemos imaginar a jovem de Nazaré recolhida em silêncio, em contínuo diálogo com Deus, que logo lhe confiaria a sua missão. 

Ela já está cheia de graça e imaculada desde a concepção, mas ainda não sabe nada de sua surpreendente e extraordinária vocação e do mar tempestuoso que terá de enfrentar. Uma coisa é certa: Maria pertence à grande multidão daqueles humildes de coração que os historiadores oficiais não inserem em seus livros, mas com quem Deus preparou a vinda de seu Filho.”

Maria “espera que Deus tome as rédeas de seu caminho e a guie para onde Ele quiser. Está em oração quando o Arcanjo Gabriel vem trazer-lhe o anúncio em Nazaré. Não há melhor modo de rezar do que colocar-se como Maria em atitude de abertura, coração aberto a Deus: “Senhor, aquilo que quiser, quando quiser, e como quiser!” O coração aberto à vontade de Deus e Deus sempre responde “.

Senhor, aquilo que quiser, quando quiser, e como quiser

Aqueles que são humildes de coração rezam assim, com humildade essencial, com humildade simples. “Senhor, aquilo que quiser, quando quiser, e como quiser!” Eles rezam assim não irritando-se porque os dias são cheios de problemas, mas indo ao encontro da realidade e sabendo que no amor humilde, oferecido em cada situação, nos tornamos instrumentos da graça de Deus.

 “Senhor, aquilo que quiser, quando quiser, e como quiser!”  Uma oração simples. É colocar a nossa vida nas mãos do Senhor. Que seja Ele a nos guiar. 

Oração que inspira e acalma a inquietude do coração

Nós somos inquietos, queremos as coisas antes de pedirmos, queremos rápido. A vida não é assim. Essa inquietude nos faz mal. A oração acalma a inquietude, sabe transformá-la em disponibilidade. 

Estou inquieto, rezo e a oração me abre o coração e me torna disponível à vontade de Deus. A Virgem Maria, naqueles poucos instantes da Anunciação, soube rejeitar o medo, apesar de ter previsto que o seu “sim” lhe teria dado provações muito duras.

Se na oração entendemos que cada dia doado por Deus é um chamado, então alargamos os nossos corações e acolhemos tudo. Aprende-se a dizer: “Aquilo que quiser, Senhor”. Prometa-me apenas que estará comigo a cada passo do meu caminho.

Que Ele não nos deixe sozinho, que não nos abandone na tentação, que não nos abandone nos momentos difíceis. O final do Pai-Nosso é assim, a graça que Jesus nos ensinou a pedir ao Senhor.

Não compreendo mas confio

Senhor, eu não compreendo, não sei porque acontece isto, mas eu entrego-me a Ti. Diante dos muitos «vales obscuros» do nosso tempo, a única resposta possível é entregar-se a Deus que, recorda a Escritura, «nunca deixa sozinho o seu povo».

A proximidade de Deus com o seu povo é a mensagem que Ele, Pai, nos quer dar; mas o povo não consegue compreendê-lo bem. E, quando o compreende, tem aquela experiência que rezamos no Salmo 22: “O Senhor é meu pastor, nada me faltará. Em verdes prados ele me faz repousar. Conduz-me junto às águas refrescantes, restaura as forças de minha alma”». É a experiência do «Senhor que me ama e que está sempre ao meu lado».

Jesus no Getsêmani: “Pai, afasta de mim este cálice. Mas seja feita a tua vontade”». Portanto, Jesus «confia-se à vontade do Pai; Jesus sabe que não acaba tudo com a morte ou com a angústia, e a última palavra da cruz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!”. E morre assim».

É um verdadeiro ato de fé «entregar-se a Deus que caminha comigo, que caminha com o meu povo, que caminha com a Igreja». Então «me entrego» dizendo talvez: «Não sei porque acontece isto, mas me entrego: Tu saberás porquê». E «este é o ensinamento de Jesus: quem se entrega ao Senhor que é pastor nada lhe faltará. Mesmo se vai para um vale obscuro, sabe que o mal é momentâneo, mas não haverá mal definitivo, «porque tu estás comigo, o teu bastão e a tua vara me dão segurança». 

Senhor, ensina-me a entregar-me nas tuas mãos, a confiar na tua guia, também nos momentos maus, nos momentos obscuros, no momento da morte, eu me entrego a ti porque tu nunca desiludes, tu és fiel. Mesmo sem compreender, entrego-me nas Tuas mãos, conclui o Papa Francisco.