21.05.2021

“Vem Espírito Santo”

 

AnupShrama-Istock

Celebramos hoje a festa de PENTECOSTES. Recordamos o “Dom” do Espírito Santo e o final do tempo pascal.

PENTECOSTES era uma festa judaica muito antiga, celebrada 50 dias após a Páscoa.  Inicialmente, era uma festa agrícola em agradecimento a Deus pelas colheitas. Depois o povo começou a celebrar nela a ALIANÇA, o dom da LEI no Sinai e a constituição do Povo de Deus, fato acontecido 50 dias depois da saída do Egito… acompanhado de trovões, relâmpagos, trombetas, vento forte…

A 1ª Leitura e o Evangelho descrevem o PENTECOSTES CRISTÃO.     

O Espírito presente no início da vinda pública de Jesus, está presente também no início da atividade missionária da Igreja. As narrativas são diferentes e até divergentes, mas se completam:

+ São Lucas faz coincidir o Pentecostes cristão com o Pentecostes judaico…   para mostrar que o ESPÍRITO é a LEI da NOVA ALIANÇA e que, por ele, se constitui um NOVO POVO DE DEUS. Por isso, relata o FATO entre raios e trovões, inspirando-se na narrativa da entrega da Lei no Sinai. (At 2,1-11)

– Os apóstolos estão reunidos… trancados numa casa…

  O fogo do Espírito se reparte em forma de línguas sobre cada um deles. Eles saem do cenáculo e, em praça pública começam a falar do Cristo ressuscitado, com grande entusiasmo e sabedoria. É a primeira e grande manifestação missionária da Igreja. E seus missionários são os doze apóstolos.

– E o povo, espantado, se questiona: “Como os escutamos na nossa língua?” O texto nos faz lembrar a Torre de Babel (Gn 11):

   – Lá ninguém se entende mais… Aqui acontece o contrário: Por obra do Espírito Santo, todos falam uma língua que todos compreendem e que une a todos: a linguagem do amor.

– A intenção de Lucas é apresentar a Igreja como a Comunidade que nasce de Jesus, que é animada pelo Espírito e que é chamada a testemunhar aos homens o projeto libertador do Pai.

+ São João colocou o Dom do Espírito Santo no dia da Páscoa. (Jo 20,19-23)

Os Sinais (“anoitecer”, “portas fechadas”, “medo”) revelam a situação de uma Comunidade desamparada, desorientada e insegura. Jesus aparece “no meio deles” e lhes deseja a “PAZ”. Confia a Missão: “Como o Pai me enviou, eu VOS ENVIO”. Soprousobre eles e falou: “Recebei o ESPÍRITO SANTO”. 

– Nessa perspectiva, Páscoa e Pentecostes são partes do mesmo acontecimento.

* A preocupação dos evangelistas não foi escrever uma crônica histórica, mas uma catequese sobre o Mistério Pascal e a Igreja. Afirmam a mesma coisa, expressando-se numa linguagem diferente.

Para LUCAS: A Igreja é uma Comunidade que nasce de Jesus, é animada pelo Espírito e é chamada a testemunhar aos homens o projeto do Pai. O Espírito é a LEI NOVA que orienta a caminhada dos crentes. Ele criou uma nova comunidade, capaz de ultrapassar as diferenças e unir todos os povos numa mesma comunidade de amor.

Para JOÃO, a Igreja é uma Comunidade construída ao redor de Jesus e animada pelo Espírito, que a torna viva e “recriada”. O Espírito é esse “sopro” de vida que a faz vencer o medo e as limitações e dar testemunho no mundo desse amor, que Jesus viveu até às ultimas consequências.

Para PAULO, a Igreja é o “Corpo Místico de Cristo”. (1Cor 12, 3b-712-13)

Apesar da diversidade dos membros e das funções, o Corpo é um só. Mas é o mesmo ESPÍRITO que alimenta e dá vida a esse corpo.

O Salmista convida a bendizer o Deus Criador, que dá força e vida às criaturas por seu Espírito. (Sl 104)

O Pentecostes continua: Diante desse fato grandioso, talvez invejemos a sorte dos apóstolos e esquecemos que o Pentecostes continua em nossa vida e na vida da Igreja…

– Em NOSSA VIDA houve um Pentecostes: A CRISMA, quando recebemos a plenitude do Espírito Santo para cumprir nossa missão…

– Na VIDA DA IGREJA, que nasceu no Pentecostes e continua a ser recriada pelo Espírito. O Espírito Santo é a alma da Igreja.

+ O cristão é um enviado: “Como o Pai me enviou, eu também vos envio”.

Para promover a PAZ. É um dom precioso e ausente, muitas vezes, no mundo. Cristo e seu Espírito são fontes de paz para que o mundo creia.

Para experimentar o PERDÃO e a MISERICÓRDIA (dado e recebido). O perdão e a misericórdia são as atitudes da Igreja diante do mundo.

Para construir a COMUNIDADE. O Espírito de Deus foi derramado em cada um para conseguir a unidade de todos no amor.

FAZER MEMÓRIA do Pentecostes na vida a Igreja em sua origem, é tomar consciência que o mesmo Espírito que suscitou novas energias quando tudo parecia acabado, manifesta-se agora com toda a sua força, em meio aos desafios do nosso tempo, na fragilidade da própria Igreja. O papa Francisco tem se tornado um sinal desta fecundidade do Espírito, capaz de gerar vida, onde prevalecem sinais de desânimo e mediocridade.

 Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa – 23.05.2021