15.09.2017

Um sínodo para a Igreja de São Paulo

Photo of Se Cathedral, located at Se Square, the central point of São Paulo city.

Faz muito tempo que não se celebra um sínodo diocesano na arquidiocese de São Paulo; o último foi celebrado ainda no final do século XlX, com Dom Lino Deodato, 8º bispo diocesano (1873-1894). São Paulo ainda nem era sede metropolitana. Depois, não há notícia de outros sínodos diocesanos realizados em São Paulo.

Várias dioceses do Brasil realizaram seus sínodos nas décadas que se seguiram ao Concílio. No entanto , ao contrário do que acontece em outros países, aqui não temos uma vasta tradição de sínodos diocesanos. O que se desenvolveu mais entre nós foram as assembleias diocesanas; é bem diversa de um sínodo diocesano. O sínodo está previsto na vida das Igrejas particulares ou dioceses; o Código de Direito Canônico trata de sua identidade e detalhe sobre sua organização participantes, competências e funcionamento (Cf cân 460 a 468). Sínodo é uma assembleia de sacerdotes, religiosos e leigos, destinada a auxiliar o bispo diocesano na promoção do bem de toda a comunidade  diocesana. Evidentemente, também participam os bispos auxiliares, se os houver numa diocese.

O sínodo diocesano, sob a presidência do bispos diocesanos, tem uma grande importância para a Igreja particular; é a expressão mais alta de participação e corresponsabilidade numa diocese e no governo pastoral do bispo. É também uma manifestação de comunhão eclesial de altíssimo significado na vida da diocese e pode ser ocasião para uma grande avaliação pastoral, para uma nova tomada  de consciência sobre a realidade da diocese, para indicar mudanças  necessárias e definir metas e prioridades  pastorais.

Por qual motivo convocamos um sínodo arquidiocesano em são Paulo? Refletindo sobre a realidade de nossa arquidiocese, suas estruturas pastorais, como as regiões, vicariatos episcopais e setores pastorais,  sobre a coordenação pastoral no seu conjunto e os diversos organismos de animação pastoral, sobre a  pastoral vocacional e a formação e a vida do clero, sobre a estrutura administrativa, é o caso de perguntar: as coisas estão bem do jeito que estão? A vida da Igreja, nesta arquidiocese, está bem cuidada e produz o fruto esperado? A missão da igreja é bem cumprida nesta Arquidiocese? Estamos bem focados nas grandes questões da vida e da missão da Igreja? Onde estão se manifestando  eventuais deficiências ou lacunas? Poderia ser diversa a organização e atuação pastoral da Arquidiocese para melhor corresponder à sua missão nas condições próprias em que ela se encontra na Metrópole? Faço essas perguntas a mim mesmo e convido o clero e toda a Arquidiocese a também se interrogarem.

Pode ser que estejamos indo em frente, repetindo os mesmos passos todos os anos, talvez apostando em mecanismos e estruturas que já não estão se revelando eficazes na ação pastoral, quase por inércia, levados por um invisível piloto automático… Não teria chegado o momento de uma grande avaliação e, quem sabe, para novas opções ,organizações e práticas na evangelização e na animação pastoral? (Cardeal Odilo Pedro Scherer – Arcebispo de São Paulo).

Do texto “Que tal um Sínodo Arquidiocesano” Jornal O São Paulo, março de 2017