Na última prisão, pouco antes da sua morte, escrevia Paulo a seu amigo Timóteo para que permanecesse firme na verdade que um dia aprendeu e aceitou. A vida não é fácil e Timóteo tinha dificuldades com os cristãos de Éfeso que lhe foram confiados. Maior dificuldade tinha Paulo, prisioneiro vigiado, mas de espírito liberto, porque aprisionada não estava a Palavra que o animava. Com a mesma Palavra, Paulo animava Timóteo: “Permaneça firme na verdade que você aprendeu e aceitou. Proclame, argumente, repreenda, aconselhe, que a palavra torna o ser humano perfeito e qualificado para toda boa obra”. Ainda pequeno, Timóteo aprenderá as escrituras no colo de sua mãe e de sua avó. Não podia se esquecer de que a palavra inspirada comunica a sabedoria, e a sabedoria leva à salvação, pela fé em Jesus Cristo. A Palavra educa para a prática da justiça.
É assim que lemos na Palavra escrita por Lucas a história da viúva que lutou pela justiça. Perseverava a viúva, mas a justiça não acontecia, porque o juiz não era justo. Ela, porém, insistia, como devemos insistir na oração para que o bem vença o mal. Mau era o juiz que precisava ser vencido, e a viúva o venceu pelo cansaço. Não só pelo cansaço. O juiz pensou que era melhor atendê-la antes que ela o agredisse. Por que uma pobre viúva iria agredir um juiz poderoso? Seria ela uma mulher violenta? Não! A injustiça do juiz a tornava violenta. É o que nos ensina a Palavra do Senhor. Insista para que a justiça afugente a violência.
Insista, diz Paulo, oportuna e inoportunamente, com toda a paciência, como fez no passado nosso mestre Moisés. O livro do Êxodo conta-nos que, por ocasião de uma batalha dos hebreus contra os amalecitas, Moisés intercedeu junto a Deus em favor de seu povo e Josué venceu a batalha. Os amalecitas atacaram os hebreus. Os hebreus, guiados por Josué, enfrentaram o inimigo. Moisés, Aarão e Hur subiram a colina onde Moisés rezou de braços abertos. Enquanto seus braços permaneciam abertos, Josué vencia. Quando os braços de Moisés se deixavam cair, Josué perdia. Então, Moisés se sentou e, Aarão e Hur, um de cada lado, sustentavam-lhe as mãos e suas mãos não se cansaram até ao pôr do sol. Na firmeza permanente de Moisés rezando e Josué lutando, a batalha foi vencida. A Palavra de Deus nos ensina a rezar com persistência e com persistência lutar pela justiça.
No alto da colina, os braços estão abertos, já não os de Moisés, e sim os de Jesus e estão pregados para que não se fechem. Enquanto permanecem abertos em oração, vencem a batalha os combatentes de Cristo e perdem-na os amalecitas e o injusto juiz. (Cônego Celso Pedro)