30.03.2019

Sede misericordiosos

Two men hug each other.  Horizontal with copy space.
Istock

 

A Liturgia é um convite à RECONCILIAÇÃO. As leituras mostram os caminhos da Reconciliação: O Amor de Deus Pai se manifesta dando uma pátria ao povo de Israel, uma casa paterna ao filho que volta e uma personalidade nova em Cristo. Como resposta, o homem celebra o dom de Deus, reconhece seu pecado e volta arrependido aos braços do Pai e reconhece que a iniciativa da reconciliação vem de Deus por meio de Cristo reconciliador.

Na 1ª Leitura Deus se reconcilia com o seu Povo. (Jos 5,9a.10-12)

Israel celebra pela 1ª vez a Páscoa na Terra Prometida. Antes, os nascidos no deserto, ainda não circuncidados, devem passar pela circuncisão, como sinal da Aliança e de pertença ao Povo eleito. Assim TODOS poderiam celebrar a Páscoa, como início de uma vida nova.

* A Quaresma é tempo de retificar os caminhos e nos reconciliar com Deus. O Povo de Israel caminhou pelo deserto, buscou a liberdade e, no final, chegou à terra prometida. Nela celebrou a Páscoa. E nós, novo povo de Deus, que páscoa, que terra, que libertação procuramos?

2ª Leitura é um Hino que enaltece a Misericórdia de Deus, que nos deu a vida em Cristo e recomenda: “DEIXAI-VOS RECONCILIAR com Deus”. (2Cor 5,17-21)

* Ser cristão é aceitar essa Reconciliação com Deus, em Cristo.   A comunhão com Deus exige a reconciliação com os outros irmãos.

No Evangelho, PAI se reconciliou com o filho e convidou os filhos se reconciliarem entre eles. (Lc 15,1-3.11-32) Um grupo de fariseus e escribas criticava Jesus, pela atenção especial que dava aos marginalizados, muitas vezes tidos  como “pecadores” pela sociedade de então.

– Jesus responde com três parábolas (Ovelha, Moeda e Filho Pródigo) que revelam a grande bondade e MISERICÓRDIA de Deus, que sai à procura do perdido. A Parábola do PAI MISERICORDIOSO (ou do Filho Pródigo) narra 2 cenas: o Filho mais novo e o Filho mais velho, unidas pela ação do PAI, que é o centro do relato:

+ O Filho mais novo, numa atitude de orgulho e de desprezo… afastou-se do Pai, da família e da comunidade…  renunciou à sua posição de filho e foi “para longe“…

– Sonhou sua felicidade com uma vida de independência e de liberdade, e voltou espoliado, esfarrapado, faminto e sem dignidade…

– “Longe” da casa do Pai, não encontrou a felicidade desejada.  A fome fez ter saudades da casa do Pai e a lembrança da bondade do Pai o animou a voltar…

+ O Filho mais velho é um “bom filho”, sóbrio, obediente e trabalhador… mas não é um bom irmão. Não aceita a volta do irmão, nem mesmo o amor do Pai, que o acolheu…

O Pai é o personagem central: Sai ao encontro dos DOIS FILHOS:

  – CORRE “movido de compaixão” ao encontro do Filho mais novo… abraça-o… beija-o… Manda buscar roupa, calçado, o anel, para que o filho seja restituído em sua dignidade de filho. E faz uma FESTA para celebrar na alegria a sua volta…

 – VAI também ao encontro do Filho mais velho… Suplica-lhe que entre… convida-o para a festa… para a alegria…

* Podemos abandonar a nossa dignidade de filhos. Deus não abandona a sua missão de Pai. Deus sai à procura dos perdidos e festeja porque são resgatados…  A ação do Pai reflete a atitude de Jesus e deve ser também a nossa.

– Quem é esse jovem, que num desejo de liberdade e felicidade, vai longe do pai, da família, da comunidade e de Deus… e quando sente o vazio em que se encontra, começa a sentir saudades da casa do pai?

– Quem é esse irmão mais velho, “bom praticante”, mas mau irmão, que não se alegra com o retorno do irmão arrependido, e até tenta impedir a volta de quem se desgarrou na vida? Quantos filhos pródigos (Jovens) continuam ainda hoje pródigos, perdidos, longe da casa do Pai… porque não há quem acredite neles e vá ao seu encontro, ajudando-os a descobrirem os valores da vida e da fé…

* Talvez sejamos um pouco dos dois: Todos temos um pouco do pecado do mais novo e da intransigência do mais velho.

O Evangelho de hoje nos convida a imitar o gesto do Pai:

   – que respeita a liberdade e as decisões dos seus filhos…

   – que continua a amar e a esperar o regresso dos filhos rebeldes.    

   – que está sempre preparado para abraçar os filhos que retornam..

   – que os acolhe com amor e os reintegra na sua família.

   – que festeja com alegria a sua volta… 

Acolhendo os apelos de conversão da Quaresma e da Palavra de Deus, a nossa celebração será sempre um verdadeiro banquete para celebrar na alegria a volta ao Pai e à comunidade dos filhos pródigos que estavam perdidos, mas que voltaram à vida pela Bondade de Deus e pela Acolhida dos irmãos.

 (Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa – 31.03.2019)