20.03.2021

“Se o grão morrer”

A Liturgia desse domingo deseja preparar os cristãos para os acontecimentos da Páscoa, que se aproxima: a Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. As leituras bíblicas nos ajudam neste sentido…

Na 1a Leitura Deus propõe uma NOVA ALIANÇA. (Jr 31, 31-34)

É um dos trechos mais importantes do Antigo Testamento. Deus tinha feito uma ALIANÇA no Sinai, entregando a Moisés mandamentos escritos em pedra… O povo aderiu à aliança, contudo mais com a boca, do que com o coração. O povo nunca interiorizou devidamente e muitas vezes foi infiel…  Por isso, o profeta Jeremias anunciou uma NOVA ALIANÇA, cujos mandamentos serão gravados no coração: “Porei minha lei em sua alma, escreverei em seu coração. Então eu serei seu Deus e ele será meu Povo”. A Aliança é renovada pelo Senhor, que perdoa e restaura.

* Nós também somos Povo da Nova Aliança, cujos mandamentos devem estar inscritos em nosso coração. A Quaresma é o tempo de renovação da Aliança, iniciada no Batismo e rompida tantas vezes pela nossa fraqueza e infidelidade.

A 2ª Leitura afirma que essa nova Aliança, plena e definitiva, se realiza em Jesus Cristo, em perfeita obediência ao Pai. (Hb 5,7-9)

O Evangelho nos convida a olhar Jesus, que selou a Nova Aliança com o próprio sangue na Cruz. (Jo 12,20-33)

– Um grupo de gregos, que estavam em Jerusalém para celebrar a Páscoa, pedem: “Queremos ver Jesus!” , isto é, conhecê-lo em profundidade.

– Não se dirigem diretamente a Jesus, mas aos discípulos. Servem-se de dois mediadores: Felipe e André…

Jesus SE FAZ VER através de uma imagem: o GRÃO de TRIGO.

   A sua “glória” passa pela experiência do grão:  “Se o grão, que cai na terra, morre, produzirá muito fruto”. A fecundidade da vida se manifesta na morte. Jesus vai morrer e nascerá a Igreja universal… Assim foi para Jesus, assim será para cada um de nós. Para conhecer Jesus:

– Devem MORRER as seguranças humanas, o apego à própria vida e à sabedoria humana (que os gregos valorizavam tanto)…

– Deve MORRER tudo o que nos afasta do projeto de Jesus, que veio para que todos tenham vida em abundância.

  * Precisamos morrer para conhecer.

+ A Quaresma é tempo de renovação da Aliança iniciada em nosso Batismo e rompida muitas vezes por nossa fraqueza e infidelidade. O caminho da renovação foi traçado por Cristo: a CRUZ.  “Quando eu for elevado da terra (na cruz), atrairei todos a mim.” É o caminho para todo o discipulado…

+ Queremos ver Jesus

Esse pedido dos gregos é uma linda proposta de vida para todos nós. É anseio de todos nós. Todos nós queremos ver Jesus. O Documento de Aparecida nos lembra que “o início do cristianismo é um encontro de fé com a pessoa de Jesus Cristo” (DA 243). “A própria natureza do cristianismo consiste em reconhecer a presença de Jesus Cristo e segui-lo” (244).

Mas onde, quando, como encontrá-lo?

O Documento mostra uns lugares de encontro com Jesus Cristo:

– “O encontro com Cristo realiza-se na fé recebida e vivida na IGREJA“. (246)

– Encontramos Jesus na SAGRADA ESCRITURA, lida na Igreja… É indispensável o conhecimento profundo e vivencial da Palavra de Deus” (347).

– Encontramos Jesus Cristo na SAGRADA LITURGIA… a Eucaristia é o lugar privilegiado do encontro do Discípulo com Jesus Cristo” (250-251). A celebração eucarística dominical é uma necessidade interior do cristão, da família cristã e da comunidade paroquial” (252).

– O sacramento da Reconciliação é o encontro com o Cristo que perdoa (254).

– A ORAÇÃO pessoal e comunitária cultiva a amizade com Cristo (255).

– “Jesus está presente em meio a uma COMUNIDADE viva na fé e no amor fraterno” (256).

– Também o encontramos nos pobres, aflitos e enfermos… (257).

– “Encontramos também na Piedade popular…” (258)

“Queremos ver Jesus” significa acolher a sua pessoa com alegria, por ser o centro e a motivação mais forte da própria existência, e a garantia que não se apaga.

+ “Senhor, queremos ver Jesus!

Faze, Senhor, que teus discípulos reconheçam o teu rosto no rosto dos pobres. Dá olhos para ver os caminhos da justiça e da solidariedade; dá ouvidos para escutar os pedidos de salvação e saúde; enriquece seus corações de fidelidade generosa e compreensão para que se façam companheiros de caminhada e testemunhas verdadeiros e sinceros da glória, que resplandece no crucificado, ressuscitado e vitorioso.

Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa -21-03.2021