02.08.2021

Porciúncula: Berço da fraternidade

 

Lugar fontal para a nossa mística. Santa Maria dos Anjos: berço da fraternidade! Aqui começou a vida e o amor mútuo. Um santuário mariano-franciscano, lugar – santo, dos mais frequentados em todo o mundo. É um espaço para rezar, refletir, purificar, encher-se de graça e iniciar novamente o caminho.

Se Assis é a “capital do espírito”, Porciúncula é um lugar necessário a toda humana criatura de nosso tempo: uma etapa, uma luz sobre o caminho. Ali emana um único fascínio: a mensagem pulsante do Evangelho, alegria, serenidade, simplicidade, fidelidade, pobreza… Foi edificada no século X, no ano de 1045. Pertencia aos monges beneditinos do monte Subásio que ali alimentavam uma “pequena porção” de santuário. O que é o santuário? É um lugar sagrado onde a presença de Deus se manifesta. O mistério presente da divindade é que determina o lugar do culto.

Santuário é lugar e não museu arqueológico a mostrar e conservar memórias e glórias mumificadas do passado. Ali os acontecimentos passados são vivos e presentes: ali viveu Francisco, ali passou Clara, ali morreu o Poverello. Francisco e Clara continuam a ser mais vivos que nunca e a sua escolha de Amor é que marca definitivamente o lugar. Ali a Fraternidade se faz encontro, cresce, contagia e se comunica. (Cfr 1 Cel 106)

Em 1210 Francisco pede ao bispo de Assis e depois aos Cônegos de São Rufino, alguma igrejinha para cuidar. A resposta é negativa. Vai então ao abade do mosteiro de São Bento, Dom Teobaldo. Este, com o consenso da comunidade monacal, concede a Francisco e a seus primeiros companheiros a Porciúncula para o simples uso e moradia. Só pedem uma condição: se a religião constituída por Francisco crescer, a Porciúncula seja a casa-mãe.

Dom recebido Dom dividido. A casa fundada sobre o sólido alicerce da Pobreza ganha um sinal: por graça e gratidão ao bem feito pelos beneditinos, há o gesto da retribuição: cada ano os frades mandavam aos monges um cesto cheio de peixes. Os monges agradeciam com um vaso cheio de óleo. LTC 56; LP 8.

Porciúncula:

     •  experiência primitiva de Fraternidade

  • lugar reconstituído com o trabalho manual
  • próximo aos bosques
  • próximo aos leprosários
  • pequenas celas para a moradia
  • primeiro encontro com o Evangelho (Mt 10,5-15)
  • ali o encontro do rumo definitivo na vida (1 Cel 21; LM 2,8;Lm 1,9;1 Cel 44
  • os primeiros companheiros Bernardo e Pedro vêm morar ali
  • Bernardo, Pedro, Egídio e Francisco partem dali para a primeira missão
  • a fraternidade cresce e encontra seu espaço
  • é o santuário da missão ( 1 Cel 22;LM 3,1: LTC 25: Lm3,7;Fior13)
  • No dia 19 de março de 1211/1112, chega à Porciúncula, a nobre jovem Clara de Faverone.
  • Em julho de 1216, Francisco consegue do Papa Honório III a Indulgência ou o Perdão da Porciúncula. 
  • É um lugar muito elogiado. (1 Cel 106; LP 8-12: LM 2,8)
  • Lugar dos Capítulos. Ali se realizou o famoso Capitulo das Esteiras – 1221. (LTC 57-59; AP 18,37- 9; LP 4, Fior 18)
  • Clara vai à Porciúncula visitar Francisco. Comem juntos num luminoso banquete espiritual (Fior 1)
  • A irmã Jacoba de Settesoli, amiga de Francisco, chega pouco antes de sua morte, trazendo doce conforto (EP112;LP101;Cel 37-39)
  • A irmã morte visita Francisco ( 2 Cel 214-217; LM 14,3-6;LTC 68;LP 64)

Ensinamentos da Porciúncula

  • momento culminante da mudança radical de Francisco
  • não teve dúvidas que o Senhor tinha suas exigências
  • acolher o Evangelho, escutar o outro (a), percorrer o caminho proposto
  • lugar de penitência e serviço
  • ensina que todos devemos ser criativos (as) para fazer renascer a simplicidade primitiva.
  • santuário da missão: enviar, regressar, fortalecer e orar.
  • capítulo: momento privilegiado de encontro.

Frei Vitório Mazzuco – OFM