Uma atitude muito difícil na vida de uma pessoa, de uma família e também de uma Comunidade é o PERDÃO.
– O que a Bíblia nos diz a respeito?
No Antigo Testamento, há um aperfeiçoamento sobre o sentido do Perdão:
– Inicialmente a vingança era aceita: como método para compensar as injustiças recebidas e desencorajar a alguém a repeti-las.
– Posteriormente, a “Lei do Talião” visou limitar a vingança… Só podia ser proporcional à ofensa recebida: “dente por dente…”
+ A 1a Leitura de hoje é um apelo para superar a lógica dessa lei e adotar sentimentos de misericórdia e de PERDÃO. (Eclo 27,33-29,9)
– Estabelece uma relação clara entre o perdão de Deus e o perdão humano. Quem não perdoa o irmão, não poderá exigir o perdão de Deus.
– Ademais o pensamento da morte relativiza o agravo e nos faz pensar diferente.
– E a felicidade do homem não está em cultivar sentimentos de ódio e de rancor, mas sim em cultivar sentimentos de perdão e misericórdia.
+ O Salmo nos mostra o Exemplo de Deus: “O Senhor é bondoso e compassivo… ele perdoa toda culpa…” (Sl 102)
Na 2ª Leitura, Paulo afirma que a Comunidade cristã deve ser o lugar do amor, do respeito pelo outro, da aceitação das diferenças, do perdão. (Rm 14,7-9) Permanecer unidos no essencial e desprezar o secundário que nos divide.
+ No Evangelho, Jesus revela um caminho de Reconciliação. (MT 8,21-35) Continua o 4º Discurso de Jesus (como viver na comunidade): Já vimos a Correção Fraterna; HOJE veremos o PERDÃO Fraterno.
+ Pedro consulta Jesus sobre os “limites do perdão”: “Quantas vezes devemos perdoar”? Segundo a Tradição: 2, 3 ou 4 vezes no máximo… Pedro propõe até sete.
– Jesus responde: “70 x 7”, isto é, Sempre e Todos, “um perdão sem limites”, inclusive aos inimigos que os judeus não incluíam. O perdão não deve ficar na Quantidade, mas na Qualidade, “de coração”.
+ JESUS ilustra o seu pensamento, com uma Parábola:
– Um Empregado devia uma fortuna imensa e, por compaixão, foi perdoado.
– Em seguida, ele, sem compaixão, se recusa a perdoar um companheiro
que lhe devia uma quantia irrisória:“Paga-me o que me deves”
– O Rei indignado o castiga severamente…
+ E Jesus conclui dizendo: “Assim agirá meu Pai com quem não perdoar seu irmão de todo o coração…”
* A PARÁBOLA É UMA CATEQUESE SOBRE A MISERICÓRDIA DE DEUS.
Mostra como, na perspectiva de Deus, o perdão é “sem limites”, total e absoluto. Depois convida-nos a analisar as nossas atitudes para com os irmãos que erram.
+ O testemunho de Jesus:
– “Amar até os inimigos…”
– No Pai Nosso: “Perdoai… como perdoamos…”
– “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”.
– “Se estiveres diante do altar… vá antes te reconciliar…”
– No Filho Pródigo: o Pai misericordioso que perdoa com alegria…
– Na Cruz: “Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem…” (desculpa…)
+ Motivos para perdoar:
– Deus nos perdoa, na mesma medida com que nós perdoamos…
– O amor é o distintivo do Cristão…
E às vezes o amor só é possível através do PERDÃO…
. Quantos casais se desfazem por falta de perdão…
. Quantos filhos abandonam a família por falta de perdão…
. Quantas pessoas deixam a comunidade por falta de perdão e acolhida.
– O Perdão ajuda a romper o círculo vicioso do ódio e da vingança.
+ O que significa perdoar?
– Não é apenas não se vingar ou “ceder” sempre aos que nos ofendem… É estar sempre disposto a ir ao encontro, a estender a mão, a recomeçar o diálogo, a dar outra oportunidade.
+ E NÓS como é que perdoamos?
– Como Pedro, contamos quantas vezes? Uma vez sim, duas não…
– “Perdôo, mas não esqueço… não falo… não o visito mais…”
* Será esse o perdão generoso, “de coração”, esperado por Deus?
– Na Parábola, o servo que não perdoou foi para a prisão… A falta de perdão tem conseqüências pesadas para quem não perdoa… Costuma provocar uma vida azeda e estressante… Só o perdão alivia e restitui a alegria… É a chamada “terapia do perdão”.
+ Qual é a nossa atitude diante do perdão?
– Temos humildade para pedir o perdão?
– Demonstramos alegria e gratidão diante de um perdão recebido?
– Somos generosos em oferecer o nosso perdão?
Sabemos que é difícil perdoar. Contudo, vale a pena não desistir. Quem faz a experiência do perdão de Deus e envolve-se numa lógica de misericórdia, deixa-se transformar por ele assume com os irmãos uma atitude diferente, uma atitude marcada pela bondade, pela compreensão, pela misericórdia, pelo acolhimento, pelo Amor. Amando e perdoando, abriremos espaço para um mundo melhor acontecer…
(Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa – 17.09.2017)