18.09.2017

Perdão sem limites

A man Thank God at  mountains and nature.

Uma atitude muito difícil na vida de uma pessoa, de uma família e também de uma Comunidade é o PERDÃO.

– O que a Bíblia nos diz a respeito?

No Antigo Testamento, há um aperfeiçoamento sobre o sentido do Perdão:

– Inicialmente a vingança era aceita: como método para compensar as injustiças recebidas e desencorajar a alguém a repeti-las.

– Posteriormente, a “Lei do Talião” visou limitar a vingança… Só podia ser proporcional à ofensa recebida: “dente por dente…”

+ A 1a Leitura de hoje é um apelo para superar a lógica dessa lei e adotar sentimentos de misericórdia e de PERDÃO. (Eclo 27,33-29,9)

 – Estabelece uma relação clara entre o perdão de Deus e o perdão humano. Quem não perdoa o irmão, não poderá exigir o perdão de Deus.

– Ademais o pensamento da morte relativiza o agravo e nos faz pensar diferente.

– E a felicidade do homem não está em cultivar sentimentos de ódio e de rancor,  mas sim em cultivar sentimentos de perdão e misericórdia.

+ O Salmo nos mostra o Exemplo de Deus: “O Senhor é bondoso e compassivo… ele perdoa toda culpa…” (Sl 102)

 Na 2ª Leitura, Paulo afirma que a Comunidade cristã deve ser o lugar do amor, do respeito pelo outro, da aceitação das diferenças, do perdão. (Rm 14,7-9) Permanecer unidos no essencial e desprezar o secundário que nos divide.

+ No Evangelho, Jesus revela um caminho de Reconciliação. (MT 8,21-35) Continua o 4º Discurso de Jesus (como viver na comunidade): Já vimos a Correção Fraterna; HOJE veremos o PERDÃO Fraterno.

+ Pedro consulta Jesus sobre os “limites do perdão”: “Quantas vezes devemos perdoar”? Segundo a Tradição: 2, 3 ou 4 vezes no máximo… Pedro propõe até sete.

– Jesus responde: “70 x 7”,  isto é, Sempre e Todos, “um perdão sem limites”, inclusive aos inimigos que os judeus não incluíam. O perdão não deve ficar na Quantidade, mas na Qualidade, “de coração”.

+ JESUS ilustra o seu pensamento, com uma Parábola:

    – Um Empregado devia uma fortuna imensa e, por compaixão, foi perdoado.

    – Em seguida, ele, sem compaixão, se recusa a perdoar um companheiro

      que lhe devia uma quantia irrisória:“Paga-me o que me deves”

    – O Rei indignado o castiga severamente…  

+ E Jesus conclui dizendo: “Assim agirá meu Pai com quem não perdoar seu irmão de todo o coração…”

 * A PARÁBOLA É UMA CATEQUESE SOBRE A MISERICÓRDIA DE DEUS.

 Mostra como, na perspectiva de Deus, o perdão é “sem limites”, total e absoluto. Depois convida-nos a analisar as nossas atitudes para com os irmãos que erram.

+ O testemunho de Jesus:

   – “Amar até os inimigos…”

   – No Pai Nosso: “Perdoai… como perdoamos…”

   – “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”.

   – “Se estiveres diante do altar… vá antes te reconciliar…”

   – No Filho Pródigo: o Pai misericordioso que perdoa com alegria…

   – Na Cruz: “Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem…” (desculpa…)

+ Motivos para perdoar:

– Deus nos perdoa, na mesma medida com que nós perdoamos…

– O amor é o distintivo do Cristão…

  E às vezes o amor só é possível através do PERDÃO…

  . Quantos casais se desfazem por falta de perdão…

  . Quantos filhos abandonam a família por falta de perdão…

  . Quantas pessoas deixam a comunidade por falta de perdão e acolhida.

– O Perdão ajuda a romper o círculo vicioso do ódio e da vingança.

+ O que significa perdoar?

   – Não é apenas não se vingar ou “ceder” sempre aos que nos ofendem… É estar sempre disposto a ir ao encontro, a estender a mão, a recomeçar o diálogo, a dar outra oportunidade.

 + E NÓS como é que perdoamos?

   – Como Pedro, contamos quantas vezes? Uma vez sim, duas não…

   – “Perdôo, mas não esqueço… não falo… não o visito mais…”

      * Será esse o perdão generoso, “de coração”, esperado por Deus?

 – Na Parábola, o servo que não perdoou foi para a prisão… A falta de perdão tem conseqüências pesadas para quem não perdoa… Costuma provocar uma vida azeda e estressante… Só o perdão alivia e restitui a alegria… É a chamada “terapia do perdão”.

+ Qual é a nossa atitude diante do perdão?

   – Temos humildade para pedir o perdão?

   – Demonstramos alegria e gratidão diante de um perdão recebido?

   – Somos generosos em oferecer o nosso perdão?

Sabemos que é difícil perdoar. Contudo, vale a pena não desistir. Quem faz a experiência do perdão de Deus e envolve-se numa lógica de misericórdia, deixa-se transformar por ele assume com os irmãos uma atitude diferente, uma atitude marcada pela bondade, pela compreensão, pela misericórdia, pelo acolhimento, pelo Amor. Amando e perdoando, abriremos espaço para um mundo melhor acontecer…

(Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa – 17.09.2017)