20.05.2018

Pentecostes

Verona - scene of the Pentecost  in Saint Anastasia church
Verona – scene of the Pentecost in Saint Anastasia church

Belíssima solenidade esta do fogo, do vento violento e brisa suave. O Espírito, o Advogado, o Defensor… Mistério da Trindade. O Pai, o Filho unidos. O Filho gerado, não criado. Entre eles um sopro do Espírito. O Pai envia o Filho e o Espírito o unge nas águas do Jordão. O Filho e o Espírito. O Filho é o Ungido. No alto da cruz, no momento da morte, segundo João, “Jesus entrega o seu Espírito”. Ele cumpriu a promessa de não nos deixar órfãos. Esse Espírito que pairava sobre o caos primordial para tudo organizar, depois da Ascensão do Senhor, paira sobre os apóstolos na manhã de Pentecostes. Vento e fogo, sopro que movimenta e chamas que iluminam e que ardem. Vivemos a era do Espírito. A Igreja não tem outra finalidade senão a de auscultar o vento do Espírito. Ela é criatura do Espírito.

 Ele é movimento, empurra para frente. Vento, chama crepitante, água viva, pomba que se desloca. Sopra, dilata, recria, transforma, inspira.

 É ação. Preside os começos do universo. Age na concepção do Verbo Encarnado, no batismo do Messias, nos primeiros passos da Igreja, na luminosa e ventosa manhã de Pentecostes. Paulo nos convida a entrarmos na dinâmica do Espírito: “Se vivemos do Espírito, andemos também segundo o Espírito” (Gl 5,25).

 É liberdade. Não nos escraviza na lei fria, no legalismo, no rubricismo. Onde está o Espírito de Deus está a liberdade. Faz com que a Igreja se liberte dos grilhões históricos, culturais, ideológicos e religiosos. Na medida em que vai se libertando de tudo isso, torna-se Igreja libertadora.

 É novidade. Normalmente se atribui ao Espírito o excepcional, o extraordinário. Ele não se compraz com caminhos batidos. É força de vida nova, fonte inesgotável de criatividade. Entra em conivência com toda sorte de novidade quando esta venha a favorecer a instauração do Reino. A presença do Espírito na Igreja faz com que esta se embrenhe por caminhos de um futuro não previsível.

 O Espírito é impregnação. É agua que penetra tudo. Ao lado das imagens do Espírito como movimento e ação, há outras que apontam para impregnação, interiorização, habitação, morada. Nesta mesma linha vão as imagens do óleo e da unção. Apoiado nessas imagens Agostinho haverá de falar do Espírito como alma da Igreja. Dizemos que estamos “repletos” do Espírito Santo.

 O Espírito é comunhão. Abolindo fronteiras e barreiras, o Espírito liga, une, reúne. O relato da manhã de Pentecostes bem ilustra essa dimensão de comunhão. Várias línguas, várias culturas e todos se entendendo. Completamente impregnada do Espírito, a comunidade encontra nele saúde, equilíbrio e alegria.

 O Espírito é memória. Jesus mesmo disse que quando ele e o Pai enviassem o Espírito, ele haveria de permitir que os discípulos se lembrassem de tudo quando ele havia dito. O Espírito atualiza no hoje de cada geração a presença de Jesus de Nazaré que passando pela morte foi ressuscitado pelo Pai. Graças ao Espírito pudemos nos transformar em filhos no Filho. A vinda de Cristo na proclamação da Escritura e na celebração sacramental se realiza graças à invocação do Espírito, dita “epíclese”. Não existe oração eucarística sem esta imploração do Espirito sobre as pessoas e os dons. (Fr.Almir Guimarães)

 Sem o Espírito:  Deus se faz distância, o Cristo permanece no passado, o Evangelho é letra morta, a Igreja é uma simples organização, a autoridade, dominação, a missão, uma propaganda, o culto, uma evocação, o agir cristão uma moral de escravo.   

Mas nele:  O cosmos é soerguido e geme na parturição do Reino, Cristo Jesus se faz presente, o Evangelho é dinamismo de vida, a Igreja significa comunhão trinitária, a autoridade é um serviço libertador, a missão é um Pentecostes, a liturgia é memorial e antecipação e o agir cristão é deificado. (Metropolita Ignatios de Lattaquié)(Síria).

 Que a Plenitude do Espírito Santo venha sobre nós! Ele que liberta, dilata, recria, congrega, transforma, inspira!

Paz e Bem!

Ir.Romana