13.08.2017

Pais, não se excluam da tarefa de educar seus filhos

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Não há duvida de que os pais, ou melhor, certos modelos educativos do passado, tinham alguns limites. Mas também é verdade que alguns erros só os pais são autorizados a fazê-los, porque podem compensá-los de um modo que é impossível a qualquer outra pessoa. Por outro lado, como bem sabemos, a vida tornou-se avara de tempo para falar, meditar, confrontar-se.  Muitos pais são “raptados” pelo trabalho  – o pai e  a mãe devem trabalhar – e por outras preocupações, confusos pelas novas exigências dos filhos e pela complexidade da vida moderna – que é assim, devemos aceitá-la como é – e encontram-se como que paralisados pelo medo de errar.  Mas o problema não é só falar. Aliás, um diálodo superficial não leva a um encontro genuíno entre a mente e o coração. Ao contrário, perguntemo-nos: procuramos entender “onde” estão  deveras os filhos no seu caminho? Sabemos onde realmente está a sua alma? E sobretudo: queremos sabê-lo? Estamos convictos de que eles, na realidade, não estão a espera de algo mais?

As comunidades Cristãs são chamadas a oferecer ajuda à Missão educativa das famílias, e fazem-no principalmente às luz da Palavra de Deus.  O Apóstolo Paulo recorda a reciprocidade dos deveres entre pais e filhos: “Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais, porque isto agrada ao Senhor. Pais, não irriteis os vossos filhos para que eles não desanimem.” (Cl 3, 20-21) Na base de tudo está o amor, a caridade que Deus nos concede, a qual não é arrogante, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor… Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (1Cor 13, 5-7).  Até nas melhores famílias é preciso suportar-se uns aos outros, e é necessária tanta paciência para isto!! Mas a vida é assim mesmo. A vida não se faz no laboratório, mas na realidade. O próprio  Jesus passou através da educação familiar.  

também neste caso, a graça do amor de Cristo cumpre aquilo que está inscrito  na natureza humana. Quantos exemplos maravilhosos temos de pais cristãos cheios de sabedoria humana!  Eles demonstram que a boa educação familiar é a coluna vertebral do humanismo. A  sua propagação social constitui o recurso que permite compensar as lacunas, as feridas, os vazios de paternidade e maternidade que atingem os filhos menos felizardos. Esta irradiação pode fazer autênticos milagres. E na Igreja estes milagres acontecem  todos os dias!

Faço votos a fim de que o Senhor  conceda às famílias cristãs a fé, a liberdade e a coragem necessárias para sua Missão. Se a educação familiar resgatar o orgulho do seu protagonismo, os pais incertos e os filhos decepcionados serão grandemente beneficiados. Chegou a hora de os pais e as mães voltarem de seu exílio – porque se auto exilaram da educação dos próprios filhos – e recuperem a sua função educativa. Oremos para que o Senhor conceda aos pais esta graça: a de não se auto exilarem da educação de seus filhos. E isto só pode ser feito com amor, ternura e paciência.

(Papa Francisco, Audiência Geral de 20 de maio de 2015)