27.06.2021

O Senhor da Vida…

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Muitas vezes andamos preocupados diante de tantas situações de morte que nos rodeiam… Fome, doença, Pandemia, guerras, sequestros, poluição… pior, notamos até desprezo e indiferença pela vida humana…

A Liturgia de hoje nos fala da VIDA e nos mostra que a vida do homem está acima de qualquer outro valor.

Na 1a Leitura, lemos que Deus não criou a morte, nem se alegra com a ruína dos que vivem. (Sb 1,13-15.2,23-24)

DEUS É O AUTOR DA VIDA.

Tendo criado o homem à sua imagem e semelhança, não podia destiná-lo à morte. “Deus viu tudo o que tinha feito: e era muito bom” Contudo nos deparamos com a presença do mal e da morte…

 – Donde vem a MORTE? A morte não estava nos planos de Deus. Ela entrou por inveja do Diabo e aparece como castigo do pecado. Deus nos chama à vida.

Na Bíblia, resplandece um sentido profundo da vida em todas as suas formas:

– No Paraíso, Deus havia plantado “a árvore da vida”,  cujo fruto devia fazer viver para sempre (Gen 3,22).

– Deus se revelou em Cristo como o Deus dos vivos e não dos mortos. Deus é o Pai de quem procede toda a vida.

– Cristo é o “Verbo da vida por quem todas as coisas existem”; é a “ressurreição e a vida”; é “o pão da vida” e quem come sua carne tem em si a vida permanente; Ele é a fonte que jorra vida eterna. “Eu vim para que todos tenham a vida e a tenham em abundância…”

– Os milagres, especialmente as ressurreições, testemunham que Ele veio para comunicar a vida, que Ele é o SENHOR DA VIDA, e constituem o sinal do destino ao qual a humanidade é chamada: a vida eterna. Podemos dizer que aí está toda a mensagem cristã. Quem participa do Cristo, participa da vida.

No Evangelho de hoje, curando duas mulheres, Jesus demostra que é o Senhor da vida. (Mc 5,21-43)

Uma grande multidão reuniu-se à volta de Jesus. Chega um chefe de sinagoga (Jairo), que pede pela filha… que está morrendo…

– Jesus vai com ele e as pessoas o seguem. Nisso uma mulher que sofria de sangramento há doze anos, toca discretamente em seu manto, com a esperança de ficar curada.

–  Jesus reage: “Quem me tocou?” Os discípulos estanham…

– A mulher, cheia de medo e tremendo, confessa a verdade.

– Jesus: “Filha, a tua fé te salvou, vai em paz e fica curada! ”

  Com a palavra “Filha” Jesus a restaura na sua dignidade e a acolhe na sociedade que excluía tais doentes. Neste momento, empregados de Jairo anunciam que filha já morreu. Não havia necessidade, portanto, de perturbar Jesus.

– Jesus escuta, olha para Jairo e diz: “Não tenhas medo, apenas tenha fé!”

– Chegando à casa de Jairo, Jesus se separa do povo descrente entra na sala, só com os três discípulos e os pais da menina. Pega a menina pela mão e diz: “Eu te ordeno: levanta-te”. E A menina recupera a vida e se alimenta… O Homem não pode conformar-se com a morte; precisa lutar contra ela e promover a vida. No entanto, muitas vezes é o próprio homem aliado da morte. Do contrário, como se explicaria a corrida armamentista? Que significaria o envenenamento dos mares, dos rios, das florestas, dos animas e das pessoas? O homem reclama porque a morte existe, mas esquece de que Deus criou a vida, não a morte.

O pior é que também nós, podemos ser cúmplices nessa estratégia de morte. Pois nós também abençoamos a corrida armamentista; nós também admitimos a opressão; nós também concordamos coma violência; nós também apoiamos a repressão; nós também carregamos armas “defensivas”; nós também contribuímos para a poluição do meio ambiente. Sim, nós também somos capazes de levantar a mão contra a vida. Especialmente quando, por egoísmo, não damos ao pobre o necessário para viver, quando não fazemos o possível para deter a doença; quando legalizamos ou favorecemos ou praticamos o aborto. Mas Jesus nos aponta os meios para vencer a morte: a fé e o amor. Se houvesse mais fé em Cristo e mais amor pelo homem, onde estaria a vitória da morte? Depois de Cristo e da sua ressurreição, quem crê, mesmo sabendo que deve morrer, vê a morte como um momento para passar a uma vida sem fim. A morte se torna uma “passagem”, assume o caráter pascal de uma vitória. Chegaríamos ao final de nossa caminhada sem tomar conhecimento dela. Porque ela nem existiria: haveria apenas um breve dormir; alguém nos tomaria pela mão, nos colocaria de pé e nos levaria para o Mundo Novo. Assim, a própria morte deixaria de ser o terrível preço do pecado, para se tornar a “porta aberta” para céus novos e terra nova, e nos permite lançar-nos nos braços do Pai.

 Pe Antônio Geraldo Dalla Costa  – 27.06.2021