12.09.2021

O que Jesus nos pode trazer?

“Quem dizeis que eu sou?” Não sei exatamente como responderão a esta pergunta os cristãos de hoje, mas talvez possamos intuir um pouco o que pode ser para nós nestes momentos se conseguirmos encontrar-nos com Ele com mais profundidade e verdade.

Jesus pode nos ajudar, antes de mais nada, a conhecer-nos melhor. Seu evangelho leva a pensar e nos obriga a colocar-nos as perguntas mais importantes e decisivas da vida. Sua maneira de sentir e de viver a existência, seu modo de reagir diante do sofrimento humano, sua confiança indestrutível num Deus amigo da vida é o que a história humana produziu de melhor.

Jesus pode ensinar-nos, sobretudo, um novo estilo de vida. Quem se aproxima dele não se sente tanto atraído por uma nova doutrina quanto convidado a viver de uma maneira diferente, mais arraigado na verdade e com um horizonte mais digno e mais esperançoso.

Jesus pode nos libertar também de formas pouco sadias de viver a religião: fanatismos cegos, desvios legalistas, medos egoístas. Pode, sobretudo, introduzir em nossas vidas algo tão importante como a alegria de viver, o olhar compassivo para as pessoas, a criatividade de quem vive amando.

Jesus pode nos redimir de imagens doentias de Deus que vamos arrastando sem medir os efeitos daninhos que exercem sobre nós. Pode nos ensinar a viver Deus como uma presença próxima e amistosa, fonte inesgotável de vida e ternura. Deixar-nos conduzir por Ele, nos levará a encontrar-nos com um Deus diferente, maior e mais humano do que todas as nossas teorias.

Isso sim. Para encontrar-nos com Jesus num nível um pouco autêntico precisamos atrever-nos a sair da inércia e do imobilismo, recuperar a liberdade interior e estar dispostos a “nascer de novo”, deixando para trás a observância rotineira e tediosa de uma religião convencional.

Sei que Jesus pode ser o curador e libertador de não poucas pessoas que vivem presas na indiferença, distraídas pela vida moderna, paralisadas por uma religião vazia ou seduzidas pelo bem-estar material, mas sem caminho, sem verdade e sem vida.

José Antonio Pagola