19.06.2022

O que fizemos de Jesus?

Às vezes é perigoso sentir-se cristão “por toda a vida”, porque corremos o risco de não revisar nunca nossa fé e não entender que, definitivamente, a vida cristã não é senão um contínuo processo de passar da incredulidade para a fé no Deus vivo de Jesus Cristo.

Muitas vezes acreditamos ter uma fé inabalável em Jesus, porque o temos perfeitamente definido com fórmulas precisas, e não nos damos conta de que, na vida diária, o estamos desfigurando continuamente com nossos interesses e covardias.

Confessamo-lo abertamente como Deus e Senhor nosso, mas às vezes Ele não significa quase nada nas atitudes que inspiram nossa vida. Por isso, é bom ouvir sinceramente sua pergunta: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Na realidade, quem é Jesus para nós? Que lugar ocupa Ele em nossa vida diária?

Quando, em momentos de verdadeira graça, alguém se aproxima sinceramente do Jesus do Evangelho, encontra-se com alguém vivo e palpitante. Alguém que não é possível esquecer. Alguém que continua atraindo-nos apesar de nossas covardias e mediocridade.

Jesus, “o Messias de Deus”, nos coloca diante de nossa última verdade e se transforma, para cada um de nós, em convite prazeroso à mudança, à conversão constante, à busca humilde, mas apaixonada, de um mundo melhor para todos.

Jesus é perigoso. Nele descobrimos uma entrega incondicional aos necessitados, entrega esta que põe a descoberto nosso radical egoísmo. Uma paixão pela justiça que sacode nossas seguranças, covardias e servidões. Uma fé no Pai que nos convida a sair de nossa incredulidade e desconfiança.

Jesus  infunde outro sentido e abre outro horizonte à nossa vida. Ele nos transmite outra lucidez e outra generosidade. Ele nos comunica outro amor e outra liberdade. Ele é nossa esperança.

 José Antonio Pagola