23.06.2017

O Medo

Lost sailing boat in wild stormy ocean. Cloudy sky.

 

No domingo passado, vimos que Deus chama e envia inúmeras pessoas para realizar seu Plano de Salvação. As leituras bíblicas deste domingo falam das dificuldades que os discípulos encontrarão para serem fiéis a esse chamado, mas garantem também que o amor de Deus não os abandona.

A 1a Leitura apresenta o drama vivido pelo profeta do JEREMIAS.

Para ser fiel à sua missão, experimenta perseguição, solidão e abandono. No entanto não deixa de confiar em Deus. (Jr 20,10-13)

No começo, teve medo e resistiu: “Vê, Senhor, que eu não sei falar, sou ainda menino”.

– E o Senhor não desiste: “Para onde eu te enviar, irás; e o que eu te mandar, falarás: não tenhas MEDO, pois eu estarei contigo para te livrar”.

– Acolhendo a ordem do Senhor, Jeremias vai a Jerusalém diante do templo pronuncia um discurso violento: acusa as autoridades, desmascara suas trapaças e prediz a destruição do templo de Jerusalém.

– A reação foi imediata: foi preso incomunicável numa cruel prisão… Considerado um “Profeta da desgraça”, sentiu-se repudiado pelo povo e abandonado pela própria família…

– Aí surgem as “Lamentações de Jeremias”, que são verdadeiros desabafos do profeta na sua amargura. No entanto não deixou de confiar em Deus, e exclama: “Tu, Senhor, estás comigo”… Ele sabe que Deus nunca abandona aqueles que procuram testemunhar no mundo as suas propostas, com coragem e verdade.

Na 2ª Leitura, Paulo afirma que para a salvação o essencial não é cumprir a Lei de Moisés, mas acolher a oferta de Salvação que Deus faz a todos por Jesus. (Rm 5,12-15)

 O Evangelho continua o “Sermão apostólico”. (Mt 10,26-33)

 São recomendações de Jesus ao enviar os apóstolos em Missão. Jesus repete três vezes: “não tenhais medo”. Pois quem tem medo não é mais livre. E aponta três tipos de medo:

  1. Medo do fracasso (fiasco).
  2. garante: Apesar das provocações e dificuldades,  a sua mensagem se difundirá e transformará o mundo…
  3. Medo da morte: (maus tratos… ou a própria morte…)
  4. afirma que decisivo não é a morte física, mas perder a vida definitiva.
  5. Medo pela sobrevivência (por causa da perseguição…):
  6. convida os discípulos a terem confiança na Providência de Deus.

E ilustra a solicitude de Deus com duas imagens: Os pássaros de que Deus cuida e os cabelos, cujo número só Deus conhece… Se Deus cuida dos pássaros… tanto mais dos discípulos do seu Filho… Não tenhais medo dos homens… tende confiança em Deus!

+ O Medo ainda nos acompanha:

– Por Medo, a pessoa se tranca dentro de seu pequeno mundo,  cada vez mais se isola da sociedade.

– Por Medo, levanta muros protetores cada vez mais altos,  criam-se condomínios mais fechados e seguros, como se isso resolvesse o problema do medo.

– Medo da doença… do desemprego… (Qual o nosso maior medo?)

O MEDO é também um grande impedimento ao anúncio do Evangelho e à sincera profissão de fé.

– Por Medo de serem criticados ou desprezados, muitos deixam de anunciar as maravilhas do Reino.

– Por Medo ou vergonha, muitos se omitem diante dos critérios em voga sobre amor e família, sexo e casamento, matrimônio e divórcio, vida e aborto, educação e liberdade, dinheiro e direitos humanos. E quando os princípios da moral cristã são taxados de antiquados, ficam assustados, confusos, desorientados…  Será que vale a pena continuar remando contra a maré?

– E por medo ou vergonha, se calam… e cedem ao velho respeito humano… Para esses, Jesus adverte: “Quem me negar diante dos homens, também eu o negarei diante do meu Pai, que está nos céus”. A Palavra de Deus de hoje convida-nos a não ter medo. Convida-nos a ter a coragem das nossas ideias, a força da fé, a coragem do anúncio cristão, do testemunho… a intrepidez da verdade. Ele nos garante: “Não tenhais medo, eu venci o mundo”. E com ele também nós venceremos…

+ Migrante: Celebramos, de 18 a 25/06 a 32ª Semana do Migrante com o tema ‘Migração, biomas e bem viver’.

O lema ‘Uma oportunidade para imaginar outros mundos’ é um convite à mudança de mentalidade ecológica frente a um sistema que explora a natureza. A migração forçada pelo medo de um sistema injusto que exclui milhões de seres humanos, obrigando-os a migrar para sobreviver e salvar suas vidas. “Assim, para diminuir as desigualdades e injustiças reinantes no mundo, é possível imaginar e construir outra forma de bem viver a vida, baseada na redução da produção e do consumo. Um caminho para reconstruir uma sociedade decente, não de abundância material, mas de um mundo sem miseráveis.”

Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa – 25.06.2017