12.10.2016

Nossa Senhora Aparecida, rogai por nós

História da devoção à Mãe de Jesus se mistura a muitas histórias de vida, fé e devoção do povo brasileiro.

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História

            Há duas fontes sobre o achado da imagem, que se encontram no Arquivo da Cúria Metropolitana de Aparecida (anterior a 1743) e no Arquivo da Companhia de Jesus, em Roma; a história registrada pelos padres  José Alves Vilela, em 1743, e João de Morais e Aguiar em 1757, cujos  documento se encontram no Primeiro Livro de Tombo da Paróquia de santo Antônio de Guaratinguetá

               Segundo os relatos, a aparição da imagem ocorreu na segunda quinzena de outubro de 1717, quando Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos, conde de Assumar e governante da capitania de São Paulo e Minas, estava de passagem pela cidade de Guaratinguetá, no vale do Paraíba, durante uma viagem até Vila Rica.

                O povo de Guaratinguetá foi chamado a fazer uma festa em homenagem á presença de Dom Pedro de Almeida e, apesar de não ser temporada de pesca, os pescadores lançaram seus barcos no Rio Paraíba com a intenção de oferecerem peixes ao conde. Os pescadores Domingos Garcia, João Alves e Filipe Pedroso rezaram para a virgem Maria e pediram a ajuda de Deus. Após várias tentativas infrutíferas, desceram o curso do rio até chegarem ao porto Itaguaçu. Eles já estavam a desistir da pescaria quando João Alves jogou sua rede novamente, em vez de peixes, apanhou o corpo de uma imagem da Virgem Maria, sem a cabeça. Ao lançar a rede novamente, apanhou a cabeça da imagem, que foi envolvida em um lenço. Após terem recuperado as duas partes da imagem, a figura da Virgem Aparecida teria ficado tão pesada que eles não conseguiam mais movê-la. A partir daquele momento, os três pescadores apanharam tantos peixes que se viram forçados a retornar ao porto, uma vez que o volume da pesca ameaçava afundar as embarcações. Esta foi a primeira intercessão atribuída à santa .

                  Durante os quinze anos seguintes a imagem permaneceu na residência de Filipe Pedroso, onde as pessoas da vizinhança se reuniam para orar. A devoção foi crescendo entre o povo da região e muitas graças foram alcançadas por aqueles que oravam diante da santa. A fama foi se espalhando. Diversas vezes as pessoas que à noite faziam diante dela as suas orações, viam luzes de repente apagadas e depois de um pouco reacendiam sem nenhuma intervenção humana., Logo, já eram somente os pescadores os que vinham rezar, mas também muitas outras pessoas das vizinhanças. A família construiu um oratório no Porto de Itaguaçu, que logo tornou-se pequeno para abrigar tantos fiéis.

                       Assim, por volta de 1734, o vigário de  Guaratinguetá construiu uma capela no alto do morro dos Coqueiros, aberta  à visitação pública em 26 de julho de 1745. A capela foi erguida com a ajuda do filho de Filipe Pedroso, que não aprovava o local escolhido, pois considerava mais cômodo para os fiéis uma região próxima ao povoado. Há relatos de que no dia 20 de abril de 1822, em viagem pelo Vale do Paraíba, o então Príncipe Regente do Brasil, Dom Pedro I e sua comitiva, visitaram a capela e conheceram a imagem de Nossa Senhora Aparecida.

                     O número de fiéis não parava de aumentar e, em 1834, foi iniciada a construção de uma igreja maior (a atual Basílica Velha), sendo solenemente inaugurada e benzida em 8 de dezembro de 1888.

                      Em 6 de novembro de 1888, a princesa Isabel visitou e ofereceu à santa, em pagamento de uma promessa (feita em sua primeira visita, em 8 de dezembro de 1868), uma coroa de ouro cravejada de diamante e rubis, juntamente com um manto azul, ricamente adornado.

                        A 8 de setembro de 1904, a imagem foi coroada com a riquíssima coroa doada pela Princesa Isabel e portanto o manto anil, bordado em ouro e pedrarias, símbolos de sua realeza e patrono. A celebração solene foi dirigida por D. José Camargo Barros, com a presença do núncio apostólico, muitos bispos, o presidente da República  Rodrigues Alves e numeroso povo.  Depois da coroação o papa concedeu ao santuário de Aparecida mais outros favores; ofício e missa própria de Nossa Senhora Aparecida, e indulgências para os romeiros que vêm em peregrinação ao santuário .

Instalação da basílica

                        No dia 29 de abril de 1908, a igreja recebeu o título de Basílica Menor, sagrada a 5 de setembro de 1909 e recebendo os ossos de São Vicente Mártir, trazidos de Roma com permissão do papa.

                         Em 17 de dezembro de 1928, a vila que se formava ao redor da igreja no alto do Morro dos Coqueiros, emancipou-se politicamente de Guaratinguetá e se tornou um município, vindo a se chamar Aparecida, em homenagem a Nossa Senhora, cuja devoção fora responsável pela criação da igreja.

A rainha e padroeira do Brasil.

                          Nossa senhora da conceição Aparecida foi proclamada rainha do Brasil e sua Padroeira Principal em 16 de julho de 1930, por decreto do papa Pio XI. A imagem já havia sido coroada anteriormente, em nome do papa Pio XI, por decreto da Santa Sé, em 1904. Pela Lei nº 6802, de 30 de junho de 1980, foi decretado oficialmente feriado o dia 12 de outubro, dedicando-se este dia á devoção. Também nesta lei, a República Federativa do Brasil reconhece oficialmente Nossa Senhora Aparecida como padroeira do Brasil.

                           Em 1967, ao completar-se 250 anos da devoção , o papa Paulo VI ofereceu ao santuário a “Rosa de Ouro”, gesto repetido pelo Papa Bento XVI que ofereceu outra rosa, em 2007, em decorrência da sua viagem apostólica ao país nesse mesmo ano, reconhecendo a importância da santa devoção.

Basílica de Nossa Senhora Aparecida

                           Houve necessidade de um local maior para os romeiros, e em 1955, teve início a construção da basílica Nova. O arquiteto Benedito Calixto idealizou um edifício de forma de cruz grega, com 173m de comprimento por 168m de largura; as naves com 40m e a cúpula com 70m de altura. E do mundo em m 4 de julho de 1980 o papa  João Paulo II, em sua visita  ao Brasil, consagrou a Basílica de Nossa Senhora Aparecida, o maior santuário mariano do mundo em solene missa celebrada, revigorando a devoção à Santa Maria, Mãe de Deus, e sagrando solenemente aquele grandioso monumento.

Descrição da imagem

                         A imagem retirada das águas no Paraíba em 1717 mede quarenta centímetros de altura e é de terracota, ou seja, argila que após modelada é cozida num forno apropriado. Em estilo seiscentista, como atestado por diversos especialistas que a analisaram, acredita-se que originalmente apresentaria uma policromia, como era costume à época, embora não haja documentação que comprove tal suspeita. Em sua análise iconográfica , a Imagem de Nossa Senhora “Aparecida” tem os traços característicos das mais antigas e muito conhecidas imagens convencionais da Imaculada Conceição trazidas de Portugal ou de Espanha, sobretudo, bastante semelhante àquela, sob esse título, a primeira vinda para o Brasil e á qual se liga a lembrança de seu primeiro apóstolo entre nós, e por isso conhecida com o nome de “A Virgem de Anchieta”.

                      A argila utilizada para a confecção da imagem é oriunda da região de Santana do Parnaíba, na grande São Paulo. Quando recolhida pelos pescadores, estava sem policromia original, devido ao longo período em que estava submersa nas águas do rio. A cor de canela que apresenta hoje deve-se à exposição secular á fuligem produzidas pelas chamas das velas, lamparinas e candeeiros, acesas por seus devotos.

(Aurora de Moema OUT.2016)