16.03.2019

No monte Tabor

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(182255492 – Istock)

 

Estamos no 2º domingo da Quaresma. A Liturgia nos convida a subir o Monte Tabor para fortalecer a nossa fé em nossa caminhada quaresmal.

A Quaresma é o caminho de nossa transfiguração em Cristo. O Tabor é uma parada que Jesus faz em sua caminhada para o Calvário. É o lugar onde Deus reanima seus amigos e lhes dá as forças necessárias para chegar também eles à cruz.

As leituras apresentam pistas para a nossa “TRANSFIGURAÇÃO“.

A 1ª Leitura nos fala da FÉ DE ABRAÃO. (Gn 15,5-12.17-18)

Abraão já está velho, sem filhos, sem a terra sonhada e sua vida parece condenada ao fracasso. Deus lhe garante a Posse de uma Terra e uma descendência numerosa… Ele confia totalmente em Deus e se põe a serviço dos desígnios do Senhor.

* Abraão é um modelo de fé: confia totalmente em Deus, aceita os planos de Deus e se põe a serviço deles.

Na 2a leitura, PAULO mostra sua FÉ na transfiguração, apesar do que via e condenava na comunidade: “Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorificado”. (Fl 3,17-4,1)

* A nossa transfiguração e a transformação do mundo atual exigem um processo contínuo de conversão.

O Evangelho apresenta a FÉ DOS APÓSTOLOS, fortalecida na MONTANHA pela Transfiguração de Jesus. (Lc 9,28b-36) Jesus está a caminho de Jerusalém com os Apóstolos. O 1o anúncio da PAIXÃO provoca neles uma crise profunda… Desmoronam as esperanças messiânicas, impregnadas de triunfalismo… Os Apóstolos, decepcionados, entram numa profunda crise. Para reanimar a fé abalada deles, Jesus…

recorre à oração, na MONTANHA, lugar sagrado por excelência, onde Deus se revela ao homem e lhe apresenta seus projetos.

se transfigura: Todo encontro autêntico com Deus deixa marcas visíveis no rosto das pessoas, como em Moisés ao descer do Sinai;

Uma Voz confirma: “Este é o meu filho amado, escutai-o”. Ao descer do monte, uma nova energia inundaria a sua pessoa e o coração dos apóstolos, para continuar a marcha para Jerusalém, onde seria crucificado…

+ PORMENORES significativos do evangelho de Lucas:

– O Motivo da ida à Montanha: “Ele vai lá para orar…”

– O rosto deixa transparecer a presença de Deus durante a Oração.

Aparecem Moisés e Elias que falam sobre o que encontrará em Jerusalém. Representam a Lei e os Profetas: o Antigo Testamento…

Os três discípulos dormem, quando Jesus fala de doação da própria vida…

As três Tendas: Pedro deseja permanecer contemplando o Transfigurado.  Jesus convida a descer o monte e prosseguir a caminhada… Não podemos nos acomodar em nossa tenda; precisamos SAIR, agir e enfrentar os conflitos da caminhada.

Da nuvem sai uma VOZ: “Este é meu Filho, ESCUTAI-O”.

No fim, “Jesus ficou sozinho”: Moisés e Elias desaparecem… O Antigo Testamento já cumpriu sua tarefa.

OS TRÊS DISCÍPULOS:

– partilham a experiência da transfiguração, mas recusam-se a aceitar que o triunfo de Cristo passe pelo sofrimento e pela cruz;

– testemunham a transfiguração, mas parecem não ter muita vontade de descer à terra e enfrentar o mundo e os problemas dos homens;

– representam os que vivem de olhos postos no céu, mas alheados da realidade do mundo, sem vontade de intervir para o renovar e transformar.

Agentes da transfiguração:

– Nós, como os apóstolos, nos deparamos com a cruz… E a primeira reação costuma ser a mesma: fugir dela.  Aceitamos com alegria o Tabor… mas temos dificuldade em aceitar o Calvário.

– Nesses momentos, para reanimar a nossa fé, Deus continua “inventando” também para nós um Tabor, dando-nos uma pequena amostra de sua beleza e de sua glória.

– Contudo é bom lembrar que, o Tabor foi apenas uma parada que Jesus fez em seu caminho para o Calvário. Também para nós, o Tabor continua sendo uma situação transitória, para que sejamos testemunhas vivas do que nos espera…

+ O Nosso Tabor

A transfiguração aconteceu oito dias após o anúncio da Paixão… Para os cristãos, o 8º Dia é o “Dia do Senhor”, no qual a comunidade se reúne para escutar a Palavra e para partir o Pão. Todos os domingos, devemos SUBIR a Montanha para CONTEMPLAR o Cristo transfigurado (ressuscitado) e ESCUTAR a sua voz. E depois, transfigurados, DESCER a Montanha (sair da igreja) para prosseguir a nossa caminhada como agentes da transfiguração, dispostos a enfrentar o mundo e os seus problemas…

* O que fazemos no DOMINGO?

SUBIMOS a Montanha… para contemplar esse Rosto… para escutar essa Voz? E depois DESCEMOS reanimados para prosseguir a nossa caminhada? A nossa fé na transfiguração nos deve levar a transfigurar todo o nosso ser e transformar o mundo que nos rodeia. A humanidade se transforma e renasce quando escuta a Palavra do Pai em seu Filho e a põe em prática.

(Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa – 17.03.2019)