11.03.2021

Juiz ou Salvador?

A Quaresma é um tempo oportuno para purificar idéias e atitudes de nossa vida cristã. Muitas vezes somos levados a ter de Deus a imagem de um juiz severo e castigador… Será essa a verdadeira imagem de Deus que devemos ter?

A Bíblia tem uma imagem bem diferente:

– Um Deus Criador e Amigo… que dialoga com Adão…

– Um Deus que faz uma Aliança de amizade com o seu povo…

– Um Deus-conosco (“Emanuel”)… que caminha com o povo…

– Um Deus que liberta… e salva…

– Um Deus misericordioso, que perdoa…

– Um Deus Pai… sempre disposto a acolher o filho pródigo… O castigo é um remédio extremo para que se arrependa e volte à amizade.

A 1a leitura revela a Justiça e a Misericórdia de Deus no tempo do exílio e da libertação.  (2Cr 36,14-16.19-23)

 É um resumo da História da Salvação, em três momentos: O Pecado do homem, o Castigo e o Perdão de Deus. O Povo foi infiel à Aliança. Por isso, Jerusalém foi destruída e sua elite foi deportada para a Babilônia. Mas Deus não abandona o povo, apesar das infidelidades.  O povo arrependido voltou seu coração para Deus e Deus o conduziu de volta à sua terra. Deus é mais misericórdia, do que justiça…

Na 2a Leitura Paulo afirma: Deus é rico em misericórdiadeu-nos a vida juntamente com Cristo, quando estávamos mortos por causa de nossas faltas.” (Ef 2,4-10). A Salvação é um dom de Deus: a salvação, presente de Deus, chega a nós mediante a fé em, por e com Cristo…

 No Evangelho, Jesus se revela como Salvador e não Juiz. A missão de Cristo no mundo e na história é salvar e não condenar. (Jo 3,14-23). É a conclusão do diálogo de Jesus com NICODEMOS, que nas  “trevas da noite”, vem falar com Jesus à procura de “Luz”. No final, descreve o projeto de Salvação de Deus: “Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu próprio filho e este não veio para julgar o mundo, mas para salvá-lo“.

No deserto, os hebreus olhavam para a serpente levantada por Moisés como sinal de cura e libertação. Faz lembrar a cruz onde foi levantado o Filho do homem. Da Cruz de Jesus brota a vida e a saúde para toda a terra. Ao olhar com fé para esse sinal, ficamos curados… O texto nos convida a contemplar uma História maravilhosa: O Amor de Deus oferece ao homem vida plena e definitva. Aos homens compete aceitar ou não o dom de Deus. Jesus não veio condenar e excluir ninguém da salvação. Ele é a luz divina enviada ao mundo para mostrar o caminho da verdade e da vida que conduz a Deus. As pessoas podem rejeitar Jesus e sua missão, permanecendo nas trevas do egoísmo, rejeitando Jesus e sua missão; ou então aceitar Jesus e seguir seu projeto, deixando-se envolver pela luz da fé e da salvação.

João define o caminho para chegar à vida eterna:

CRER EM JESUS:

– Não é uma mera adesão intelectual a umas verdades, mas acolher JESUS, enviado pelo amor do Pai, para salvar os homens.

– É escutar Jesus, acolher a sua mensagem e segui-Lo nesse caminho.

– É deixar as trevas e caminhar para a Luz… É aceitar essa Luz… Isso supõe desfazer-se de muitos projetos pessoais.

E o julgamento final como fica?

Muitos imaginam um Deus severo, que vai analisar tudo com rigor, até os mínimos detalhes. Seria então Ele um Pai, que ama os bons e os maus, como ensinou Jesus?

– Segundo João, o julgamento não é pronunciado por Deus, mas pela escolha que cada um faz diante da Luz de Cristo. “Quem nele crê, não é condenado.  Mas quem não crê, já está condenadoA Luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas.” Por isso, a decisão no julgamento:

– não é propriamente Deus que faz… somos nós que escolhemos…

– não é apenas no fim do mundo, mas é aqui e agora. Cada instante da vida é tempo de salvação ou de condenação… Salvam-se os que praticam a Verdade e se aproximam da “Luz”. Condenam-se os que praticam o mal e preferem as “trevas”. A salvação é um dom gratuito de Deus, oferecido a todos… Tudo depende da nossa aceitação, ou não, à proposta de Cristo.

O Evangelho fala do amor de Deus, que chega ao ponto de dar o seu próprio Filho e insiste também na responsabilidade do homem, que deve fazer uma escolha diante dessa proposta de amor. Cristo quer ser o nosso Salvador, não o nosso Juiz…

Qual será a nossa escolha? Preferimos a Luz ou as Trevas?

Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa – 14-03.2021