23.03.2017

Filhos da Luz

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A Liturgia do próximo domingo continua a CATEQUESE BATISMAL da Quaresma.

– Vimos o símbolo da ÁGUA, com o episódio da Samaritana.

– Agora prossegue o tema da LUZ, com a cura do cego.

– E veremos o tema da VIDA, com a ressurreição de Lázaro…

As Leituras nos lembram a Luz da fé recebida no Batismo com a vela acesa na mão, e também nos exortam a “viver na Luz”.

Na 1ª leitura Davi é UNGIDO para rei de Israel. (1Sm 16,1b.6-7.10-13a)  * A Unção de Davi, eleito pessoalmente por Deus, é figura profética da Unção Batismal dos cristãos.

Na 2ª Leitura, Paulo salienta a necessidade de viver como filhos da “Luz”. * No Batismo, recebemos a Luz de Cristo e fomos convidados a ser Luz e caminhar sempre no caminho da Luz. (Ef 5,8-14)

No Evangelho, Jesus UNGE um cego com “Barro”, revelando-se como a “Luz do Mundo”, que veio libertar os homens das trevas (Jo 9,1-41). João costuma tomar um fato da vida de Jesus como ponto de partida para desenvolver um tema básico da mensagem cristã. A cura do cego descreve o processo de fé de um homem, que vai passando das trevas da cegueira, para a luz da visão, e desta para a Luz da fé em Cristo. Esse texto é uma Catequese sobre a fé, num contexto batismal. O “Cego” é símbolo de todos os homens que renascem pela fé, acolhendo a Jesus (no Batismo) e deixando-se conduzir pela sua palavra.

+ Tudo começa com uma PERGUNTA dos discípulos a Jesus:

    “Por que esse homem nasceu cego?” Seria castigo de Deus? Quem pecou?

Jesus RESPONDE: “Nem ele, nem seus Pais pecaram…” E continua a sua resposta, passando das palavras aos atos.

Na CURA, para dar a “Luz” ao cego, Jesus usa um método estranho: Com saliva faz “barro” na terra, unge com esse barro os olhos do cego e manda lavar-se na piscina de Siloé. A cura não é imediata: requer a cooperação do enfermo. – A disponibilidade do cego sublinha a sua adesão à proposta de Jesus. – O banho na piscina do “enviado” é uma alusão à “Água de Jesus”. – Lembra também a água do BATISMO para quem quiser sair das trevas para viver na luz, como Filhos de Deus…

Depois, o Evangelho coloca em cena vários PERSONAGENS:

– Os VIZINHOS percebem o dom da vida que vem de Jesus, mas não dão o passo definitivo para ter acesso à Luz. Representam os que percebem a proposta libertadora de Jesus, mas não estão dispostos a sair da sua vidinha, para ir ao encontro da “Luz”.

– Os FARISEUS conhecem a “luz”, mas se recusam em aceitá-la. Acusam-no de transgredir a lei do sábado e expulsam o cego da sinagoga. Representam aqueles que conhecem a novidade de Jesus, mas não estão dispostos a acolhê-lo e até hostilizam os seus seguidores.

– Os PAIS constatam o fato, mas evitam comprometer-se… É a atitude de MEDO dos que não tem coragem de passar das trevas para a Luz.Preferem a segurança da ordem estabelecida, do que correr riscos…

– O CEGO é questionado pelas AUTORIDADES sobre a origem de Jesus. E ele, como “pessoa iluminada“, mostra-se: Livre (diz o que pensa…); corajoso (não se intimida); sincero (não renuncia à verdade); suporta a violência (é expulso da sinagoga).

JESUS reaparece no fim: vai ao seu encontro, inicia um DIÁLOGO, que culmina com um belo ato de fé do cego: “Eu creio, Senhor”.

+ A Transformação do cego é progressiva:

 – Antes de se encontrar com Jesus, é um homem prisioneiro das “trevas”, dependente e limitado. “Não sabe quem o curou”…

– Depois, a “luz” vai brilhando aos poucos na sua vida. Forçado pelos dirigentes a renegar a “luz” e a liberdade recebida, recusa-se a regressar à escravidão…

– Finalmente, encontrando-se com Jesus, que lhe pergunta: “Acreditas no Filho do Homem”, manifesta sua adesão total: “Creio, Senhor”. Prostra-se e o adora. 

* O Caminho de fé do cego é um itinerário para todo cristão:

O Encontro com Jesus … a Adesão à “Luz” e um progressivo amadurecimento no Conhecimento de Cristo. Esse caminho desemboca na adesão total a Jesus, ao ser lavado pelas águas batismais.

+ O Prefácio sintetiza:

“Jesus conduziu à Luz da fé a humanidade que caminhava nas trevas.  E elevou à dignidade de filhos os escravos do pecado, fazendo-os renascer das águas do Batismo”. Nesta Quaresma, somos convidados a viver a experiência catecumenal, renovando o nosso Batismo, mediante o Sacramento da Penitência. No Batismo, os nossos olhos se abriram a Cristo, se dissiparam as trevas e fomos ungidos pelo Espírito para servir a Deus e aos irmãos. Quanto mais buscamos Jesus como “Luz”, mais nossa vida terá sentido. Como o cego, renovemos a nossa fé, cantando: Deixa a luz do céu entrar…

(Pe Anônio Geraldo Dalla Costa 26.03.2017)