28.02.2018

“Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve.” ( Mt 20,17-28; Jr 18,18-20)

Evening road in Val d'Orcia - Tuscany - Italy

+ Mobilize-se inteiramente para “entrar” em oração: diante de Quem você vai estar?

+ Use os preâmbulos que facilitam uma experiência mais profunda: oração preparatória, petição de graça…

+ Deixe ressoar em seu coração os “pontos” abaixo como motivação para melhor acolher a Palavra de Jesus indicada para o dia de hoje.

Jesus acaba de anunciar a seus discípulos a decisão de ir a Jerusalém, lugar da entrega da vida a serviço do Reino; os doze, no entanto, começando pelos filhos de Zebedeu, só pensam em “estar bem colocados” para alcançar uma cota maior de poder. Os zebedeus pedem trono, mas Jesus só lhes pode oferecer seu próprio gesto de entrega da vida; os dois irmãos pensam em títulos de honras e preferências, mas Jesus só lhes garante sua fidelidade no caminho do Reino.

Eles caminham ao lado de Jesus, mas só escutam aquilo que lhes convém; fazem estrada com Jesus, mas estão fechados em seus próprios interesses; seguem Jesus de perto, mas estão bem longe de sua proposta de vida. Todos “sobem a Jerusalém’, mas cada um com sentimentos diferentes.

Mateus revela o contraste radical entre Jesus e seus discípulos, no que se refere à atitude básica diante da vida. Para o Mestre, a vida é oferta que se expressa em serviço; os discípulos, pelo contrário, parecem reduzir a existência a uma questão de autoafirmação do próprio eu, pelo qual se veem enredados pelo apetite do poder e de grandezas.

Jesus tem consciência de que a busca e o desejo de “mandar” destrói a paz entre as pessoas; a ambição causa divisão em todo grupo; a busca de honras e de protagonismos interesseiros rompe sempre a comunhão da comunidade. Todo poder, entendido como domínio sobre os outros, opõe-se à graça do Reino, e assim devem estar conscientes os seus discípulos. Por isso, seus seguidores devem renunciar aos métodos de força, imposição e domínio que outros utilizam no mundo.

Com seu modo de viver, Jesus nos coloca diante da contínua tentação que nos ameaça: o gosto do poder, da comodidade, de pompa, de querer ser como os “chefes das nações”, de ter privilégios, de ser servido…Sua promessa de vida é de uma sabedoria e de uma humanidade finíssima: seu horizonte é o serviço.

A busca do poder nunca consegue unificar nem criar harmonia, mas divide as pessoas, criando ressentimentos, competições, vaidades, rompendo a relação fraterna.

Jesus não quer “chefes” sentados à sua direita e à sua esquerda, mas servidores como Ele, gente que saiba gastar a vida em favor dos outros. Sua comunidade não se constrói a partir da imposição dos de cima, não haverá lugar para o poder que oprime; nela não cabe hierarquia alguma de honra e dominação, mas hierarquia de serviço.

No grupo dos seguidores de Jesus, aquele que quer sobressair e ser mais que os outros deve se deslocar para o último lugar; assim a partir da perspectiva dos últimos, poderá ter melhor visão daquilo que eles mais necessitam e poderá ser servidor de todos.

A verdadeira grandeza consiste em servir com amor; e o amor busca sempre o último lugar, precisamente porque esse é o lugar mais universal; é o lugar que mais nos humaniza, o que mais humaniza a vida, a convivência, a sociedade.

+ Abra o seu coração para colher as Palavras de Jesus, desmascarando os “zebedeus ocultos” que atrofiam a vida e esvaziam o dinamismo do seguimento de Jesus; verifique em que circunstâncias eles mais se manifestam.

+Converse com o Senhor como um amigo conversa com outro amigo: agradecendo, escutando, suplicando, silenciando.

(Retiro quaresmal)