04.01.2018

Dez Dicas para a Felicidade

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1. Vive e deixa viver.
Aqui os romanos têm um ditado, e poderíamos tomá-lo como um fio para puxar de uma fórmula que diz: «Vá em frente e deixe as pessoas irem em frente». Vive e deixa viver, é o primeiro passo para a paz e a felicidade.

2. Dá-te aos outros.
Se ficares parado, corres o risco de ser egoísta. E a água estagnada é a primeira a estragar-se.

3. Leva a vida com calma.
No romance Don Segundo Sombra há uma coisa muito agradável, de alguém que relê a sua vida. O protagonista. Diz que em jovem era um ribeiro pedregoso que levava tudo à frente; em adulto era um rio que andava para a frente, e na velhice sentia que se movia, mas lentamente sereno. A capacidade de mover-se com bondade e humildade, a serenidade da vida. Os mais velhos têm a sabedoria, são a memória de um povo.

4. Brinca com as crianças.
O consumismo levou-nos a essa ansiedade de perder a cultura de lazer saudável, de ler, de apreciar a arte. Agora confesso pouco, mas em Buenos Aires confessei muito e quando vinha uma jovem mãe perguntava: «Quantos filhos você tem? Você brinca com os seus filhos?» E era uma pergunta que não era esperada, mas eu dizia-lhes que brincar com as crianças é fundamental, é uma cultura saudável. É difícil, os pais vão trabalhar cedo e voltam às vezes quando os seus filhos já estão a dormir, é difícil, mas isso deve ser feito.

5. Partilha os domingos com a família.
No outro dia, em Campobasso, eu fui a uma reunião entre o mundo da universidade e o mundo do trabalho, todos alegando o domingo como dia para não trabalhar. Domingo é para a família.

6. Ajuda os jovens a encontrar emprego.
Tens que ser criativo com esta faixa. Se as oportunidades faltarem, caem nas drogas. E há uma muito elevada taxa de suicídio entre os jovens sem trabalho. O outro dia eu li, mas não confio porque não é um facto científico, que havia 75 milhões de jovens com menos de 25 anos desempregados. Não basta alimentá-los: tens que inventar cursos de um ano de canalizador, eletricista, kits de costura… a dignidade dá a elevação.

7. Respeita e cuida da natureza.
Temos de cuidar da criação e não o estamos a fazer. É um dos maiores desafios que temos.

8. Esquece rapidamente o que é negativo.
A necessidade de falar mal do outro indica baixa auto-estima, ou seja: eu sinto-me tão em baixo que em vez de tentar vir para cima, ponho outro para baixo. Esquecer rapidamente o que é negativo é saudável.

9. Respeita aqueles que pensam de maneira diferente.
Nós podemos inquietar o outro a partir do testemunho, para que ambos progridam nessa comunicação, mas a pior coisa que pode haver é o proselitismo religioso, que paralisa: ‘Eu falo contigo para te convencer’, não. Cada um dialoga a partir da sua identidade. A Igreja cresce por atracção, não por proselitismo.

10. Procura activamente a paz.
Estamos a viver numa época de muita guerra. Em África parecem guerras tribais, mas são mais que isso. A guerra destrói. E o clamor pela paz deve gritar. Paz às vezes dá a ideia de quietude, mas nunca é tranquila, é sempre uma paz activa.

Papa Francisco, in ‘Entrevista à Revista Clarin, 28 Julho 2014’  (citador.pt/textos)