18.10.2020

Deus e César

O Cristão é um cidadão como todos os outros: desfruta dos mesmos direitos e tem os mesmos deveres. E os impostos, ele é obrigado a pagar? As Leituras nos dão uma resposta…

Na 1aLeitura, um rei pagão foi “instrumentos de Deus” para libertar o seu povo da escravidão da Babilônia. (Is 45,1.4-6) Ciro, Rei da Pérsia, foi um excelente comandante e político iluminado. Conquistou todos os impérios do oriente, inclusive a Babilônia. No ano 538, depois de conquistar a Babilônia, permitiu aos judeus voltarem à própria terra e começarem a reconstruir o templo e a cidade de Jerusalém. O profeta chama o rei pagão de “ungido do Senhor“. Ciro torna-se instrumento de Deus, mesmo sem o conhecer, sem mesmo ser membro do povo da Aliança.

* O texto sugere que Deus é o verdadeiro “Senhor da História” e que é Ele quem conduz a caminhada do seu Povo. Deus pode se servir de qualquer pessoa para realizar seus projetos. Pode se servir de dirigentes até sem religião, desde que sejam competentes, honestos e saibam promover o bem-estar e a paz.

– O contrário também pode acontecer: nem toda pessoa “religiosa” e bem intencionada tem a necessária competência para uma função pública.

Na 2ª Leitura, Paulo louva o Senhor, porque a Comunidade de Tessalônica abraçou com entusiasmo o Evangelho, e pela ação do Espírito Santo, deu frutos de fé, de amor e de esperança. (1Tes 1,1-5b) É a carta mais antiga de São Paulo.

No Evangelho, Jesus responde a uma pergunta política. (Mt 22,34-40) Discípulos dos fariseus e herodianos, favoráveis ao poder romano, fazem uma pergunta capciosa: “É permitido ou não pagar o TRIBUTO a César?”

– Se dissesse SIM: apareceria como colaborador da dominação romana.  Se dissesse NÃO: seria denunciado às autoridades romanas como subversivo.

– Jesus percebe a armadilha. Pede uma moeda e pergunta: “De quem é essa imagem?

  “Dai pois a César o que é de César…” e acrescenta: “e a Deus o que é de Deus”

+ “Dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus“: “Dar” significa aqui “devolver” a cada um o que lhe pertence. Não deve dar a César o que não lhe pertence: a ADORAÇÃO, devida unicamente a Deus (não aos imperadores…).

* Jesus não nega o pagamento do tributo imperial. O amor a Deus não tira as obrigações para com a nação. Mas questiona a pretensão de César de se nivelar a Deus e exigir dos súbditos, culto só devido a Deus. A resposta reduzia César às suas devidas dimensões.

+ Um Perigo: Tirar o lugar de Deus.

– Uns reconhecem a autoridade do império, por isso servem aos interesses dele, pagando o imposto;

– Outros querem reconhecer a autoridade de Deus,  mas deixam de lado o que é de Deus. O dinheiro, o poder, o êxito, a realização profissional, a ascensão social, o clube de futebol… podem tomar o lugar de Deus e passam a dirigir e a condicionar a vida de muitas pessoas.

* Deus é, de fato, nosso único “Senhor”, a quem servimos?

+ Conclusões da resposta de Jesus: Dar a César…” (a imagem de César).

O Cristão tem obrigações com a Sociedade em que vive. Nenhum país funciona se a população não der a César o que é de César… O cristão deve ser um bom cidadão. É uma obrigação moral, além de civil, contribuir para o bem comum com o pagamento de impostos justos.

Dar a Deus (o homem foi criado à “imagem” de Deus) Por isso, seus direitos e sua dignidade devem ser respeitados por todos. Nós somos o “seu Povo”, que não pode ser vendido a nenhum César. Se tiramos de Deus o que lhe pertence, devemos “devolver”. Só Deus é o “Senhor” de nossa vida…

Dar à Comunidade cristã (devemos ser membro vivo e atuante…)

Participar na Vida e Ação Evangelizadora e Missionária da Igreja… A Igreja no Brasil nos pede que todos devemos:

 “EVANGELIZAR, no Brasil cada vez mais urbano, pelo anúncio da Palavra de Deus, formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo, em comunidades eclesiais missionárias, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, cuidando da Casa Comum e testemunhando o Reino de Deus rumo à Plenitude”.  (DGAE 2019-2023)

Colaborar pela sua manutenção, com o DízimoA Bíblia fala e condena os que “sonegam” o tributo do templo…+ Estamos, de fato, dando a César o que é de César e a Deus o que é de Deus? Não podemos “sonegar” o nosso tributo nem a Deus, nem à Nação, nem à Comunidade…

 Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa – 18.10.2020