16.08.2017

Depoimentos sobre o Capítulo das Esteiras

“É preciso voltar a Assis”

Com esse tema, como já noticiamos há alguns dias atrás, à Conferência da Família Franciscana do Brasil (CFFB) realizou o Capitulo Nacional das Esteiras, em Aparecida do Norte/SP, e neste encontro participaram mais de mil franciscanos e franciscanas, consagrados e leigos, vindos de todo o país.

“Levar ao mundo a misericórdia de Deus”, esse era o tema do encontro, e assim sendo, Frei Vitorio Mazzuco (OFM) realizou a primeira conferência colocando todos os participantes a par do que esse tema significaria para os franciscanos presentes no capítulo.

As Irmãs Franciscanas de Ingolstadt fizeram-se presentes; estávamos em quinze participantes entre jovens formandas, Irmãs na organização e participantes. Com certeza, para cada uma foi o “encontro” para realmente dizer: “é preciso Voltar a Assis”. Para relatar parte deste contexto, veremos a seguir os depoimentos de algumas irmãs que participaram do Capítulo.

“Quando não se arde o coração os pés não andam”. Voltando a Assis sinto vontade de encontrar com os leprosos existentes em mim e no irmão. Esse encontro que durante anos Francisco também o fez de maneira muito especial, um encontro com o leproso.  Interessante, pois esse capítulo me fez contemplar muito o encontro de Francisco e o leproso porque a mim  me volta a imagem do noivo transfigurado de amor que pede a mão de sua noiva de maneira muito diferente, mostrando-se ferido, ensanguentando, mau cheiroso, transfigurado, assumindo tudo o que Ele é, revelando-se, e de uma certa forma comparando-se a mim, a nós, porque também sou transfigurada pelo pecado, e Ele pede-nos que a nossa transfiguração seja semelhante a Dele, uma transfiguração de amor. Jesus mostra-se assim para que assumamos o nosso esposo porque o veremos assim nos irmãos. A minha Volta de Assis e cuidar dos leprosos é bastante exigente, mas espero por interseção de Nossa Senhora Aparecida faze-lo, pois é difícil lidar com o “mau cheiro”, com as “feridas abertas’’ do próximo com os ossos a mostra porque essas feridas abertas do irmão mostra a coisa das feridas abertas dele que muitas vezes eu mesma causei. Eu desejo a todas as irmãs um regresso a Assis em companhia de Maria porque ela sabe o caminho. Os meus desejos fraternos de Paz e Bem!! Gratidão às irmãs que estavam lá, e as responsáveis por permitir que se fizesse possível a nossa presença em Aparecida”. (Ir. Claudete Benitez). 

Voltar a Assis é: “Eu tenho essa consciência? Essa foi a pergunta que fiz pra mim. Admito que eu não tenho essa consciência. Na maioria das vezes eu estou alheia às situações ecológicas que envolvem o ‘Nós somos a Natureza’ e o nosso Planeta. Venho de uma região onde o tráfico de madeira é feito em plena luz do dia, onde o rio que antes alimentava e saciava a sede do povo hoje se encontra poluído e sem vida. Ter a consciência de ser Natureza e preservar o meio em que vivo é lutar para que as riquezas naturais de nossa terra não sejam destruídas, é deixar a natureza ser natureza. Nas pequenas ações podemos mudar grandes coisas. A conferência de hoje mexeu comigo de uma maneira que não sei explicar. Quando o Frei Rodrigo Péret iniciou com o vídeo do desastre em Mariana me senti em outro mundo. Saber que isso aconteceu e muitos desses desastres acontecem fez com que eu quisesse tomar uma atitude, fazer algo. Dói ver as pessoas perdendo suas vidas e suas casas por puro egoísmo e ganância. Meu compromisso pessoal é lutar por essa causa, é lutar pelas pessoas que sofrem, é lutar pela Natureza que pede socorro, é me sentir parte dessa Natureza”. (Ir. Jessica Souza)

“Voltar a Assis… Voltar a Assis é buscar reconstruir os laços de pertença que constrói a nossa história hoje; buscar reviver o Espírito Franciscano e Clariano que se encontram em ruínas. Ruínas do nosso egoísmo, do individualismo, da indiferença, da insensibilidade para com o nosso irmão (próximo) que nos desafia a cada dia a sairmos de nós mesmos. Voltar a Assis é deixar ser tocada pela nossa sociedade ferida, marginalizada, excluída, que clama por misericórdia e compaixão. É buscar a doçura daquilo que nos parece “amargo”, mas que adoçar o coração daquele que nos chamou a dar continuidade a Espiritualidade franciscana; o coração do Cristo Pobre e Crucificado. Voltar a Assis é viver a Misericórdia que tocou e inflamou o coração de Francisco de Assis” (Ir. Marcia Morais).

“Voltar a Assis para mim é.. Comungar com o diferente. É se apaixonar por um Deus que é humano e humaniza sem perder o Divino. É ir além das diferenças. Ir ao encontro daqueles que ninguém quer. É morrer para surgir o novo, transformar vale de lágrimas em Vale de Graças. É ser profeta.” (Ir. Telma Maria Coelho Barbosa)

“Na minha participação tão rica do CAPÍTULO DAS ESTEIRAS, voltar a olhar para Assis, tocou-me mais ainda, como é preciso viver com Paixão, com Alegria, no Louvor e Gratidão, o nosso momento presente visando que se caminha para um futuro melhor. Este é o nosso tempo. Tempo que Deus nos concede para espalhar por todos os lados Misericórdia, Esperança, Fidelidade, muita Paz e todo o Bem.

Frei Ederson, no final, colocou de novo as três palavras insistentes do Papa Francisco: Profecia (viver a menoridade / o cuidado), Proximidade (viver a fraternidade), Esperança (viver com um olhar para os pobres). Paz e Bem.” (Ir. Bernarda Sette)