A minha primeiro experiência na MFJ 2020 foi provocante e inspiradora. Senti-me chamada a adentrar numa cultura e conviver com pessoas de outras realidades. Desde o amanhecer até o pôr-do-sol, Deus me mostrava o quanto era possível viver essa fraternidade Universal, da qual São Francisco falava; esse carisma pelo qual me apaixonei.
Tudo na mística pareceu encaixar-se perfeitamente. A principio, a folha seca recebi e, depois, á noite, a sensação de barro e a reflexão sobre Brumadinho, foram as mesmas: a sensação de morte; vidas são ignoradas como as folhas secas levadas pelo vento, a tragédia virou número, mas espere! Ao contemplar toda aquela cena, o senso logístico cai por terra, renovando a sensibilidade de que eram vidas, sonhos, futuro.
Durante a caminhada no rio Limeira, enfrentei meus medos, porém, não estava sozinha. O Criador quis integrar-me à criação, queria que a observasse, ciente das Mãos que nos moldaram para o cuidado, pois, se refletirmos bem, deveria ser mútuo. Entretanto, a natureza, por muitas vezes, só dá e nada recebe. E afinal, a casa comum também não é minha? Por que a ignoro? Olhar ao redor é necessário, quando nos acostumamos a ver só onde pisamos. Falo do meu medo de cair, enquanto milhões de árvores são derrubadas.
Ao decorrer do percurso, Deus me ensinou muito sobre a vida. Aprendi que é preciso ter cuidado onde piso, a não pisar em caminhos duvidosos, a ter paciência comigo, a estender a mão e a perceber, nas subidas íngremes e descidas amedrontadoras, Deus presente na pessoa do irmão. E que presente ganhei do Pai! E eu bendigo a Ele por cada um que entrou na minha vida! Antes de tudo já éramos irmãos e o Criador quis nos apresentar.
A solidão me encontrou em alguns momentos, e acho que é necessário silenciar a voz, para o Senhor chegar e adentrar no meu coração, coração de pedra. Eu estava ali, não para mudar realidades, eu estava ali para mudar minha visão de mundo.
No fim, a caminho de casa, ao me deparar com o evangelho do dia: “Vai para casa, para junto dos teus e anuncia-lhes tudo o que o Senhor, em sua misericórdia, fez por ti”, enfatizou a essência da missão: anunciar o bem recebido. (Marta)