10.11.2017

“De lâmpadas acesas”

Oil Lamp with Ancient Inscription in Background

Aproximando-se o fim do ano litúrgico, a Liturgia é marcada pelo pensamento do FIM, fim da vida, fim do mundo e faz um apelo à vigilância para a grande chegada do Senhor que vem.

A 1a leitura louva a busca da Sabedoria proveniente de Deus e ordenada ao serviço. Esta Sabedoria torna prudentes os homens, ensina-lhes a não desperdiçar a vida em coisas vãs, e sim a empenhá-la no serviço divino à espera de Deus. (Sb 6, 12-16)

Na linguagem bíblica, sabedoria se identifica com a pessoa de Cristo, que é a plenitude da sabedoria. Quem a procura, a encontra… desde já… Para que a Sabedoria ilumine a vida do homem, só é preciso disponibilidade para acolher.

Na 2a Leitura, Paulo fala do destino eterno dos homens. A vida terrena não termina no vazio, mas no encontro com Cristo, que virá para concluir a História humana. A morte nos introduzirá nas núpcias eternas, onde estaremos sempre com o Senhor. (1Tess 4,13-18)

O Evangelho apresenta o início do sermão escatológico, o quinto e último dos grandes sermões, que estruturam o evangelho de Mateus. (Mt 25,1-13) Encaixa-se bem no ambiente dos últimos domingos do Ano Litúrgico. Sob a figura de núpcias, apresenta as relações entre Deus e o homem. O Filho de Deus desposou a humanidade ao encarnar-se. Depois consumou estas núpcias na cruz com que remiu os homens e os ligou a si, reunindo-os na Igreja, sua mística esposa. Assim a existência é uma vigilante espera do esposo, ocupada em boas obras, que são o óleo que alimenta a lâmpada da fé.

+ As Virgens prudentes, preparadas, previdentes, atentas aos sinais dos tempos, representam o cristão que acendeu um dia a chama da fé no batismo, e continua alimentando essa fé, com a Oração… com os Sacramentos… com a Palavra de Deus…. e continua ainda hoje fiel a Deus e sempre atento às vindas do Cristo…

+ As Virgens imprudentes, imprevidentes, acomodadas, julgam que no momento oportuno haverá alguém que as ajude…. Elas representam o cristão despreocupado com as realidades profundas. Apenas se contenta de ter aceso à chama da fé com o Batismo, mas hoje não participa da Missa, nem de grupos de reflexão, não estuda, não atua em nenhuma pastoral, não se responsabiliza por nada. Muitas vezes Cristo cruza o seu caminho e mesmo vai ao encontro dele, mas ele distraído não o reconhece e nem faz caso. São aqueles aos quais Cristo um dia fechará a porta, dizendo aquelas terríveis palavras: “Eu não vos conheço”…

 E a Parábola conclui: “Portanto ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia, nem a hora…” A Parábola era atual para os cristãos daquele tempo, que esperavam a Parusia (esta vinda) para breve. Mateus desejava passar a eles uma mensagem de Vigilância.

 * A vida do cristão é considerada como um empenho de fidelidade nupcial a Cristo, inspirada por um amor que não admite compromissos. Assim vivida, a existência é uma vigilante espera do esposo, ocupada em boas obras, que são o óleo que alimenta a lâmpada da fé. Quem espera o Senhor com a lâmpada acesa entrará no banquete…

O que significa Vigiar?

+ Ser Previdentes: alimentando essa chama, com reserva, não apenas o mínimo necessário. Se faltar o óleo, a comunidade empaca, não anda, não realiza a festa e não participa dela. Sem óleo, a lâmpada se apaga e a comunidade estaciona…

+ Estar Atentos: aos sinais de Deus, para reconhecer o seu rosto e sua voz…

 – no grito do pobre, no desespero do marginalizado, no pranto do doente…

 – Naquele que anuncia a Paz, naquele que clama por justiça, por amor, por respeito, por igualdade..  Vigilância é sinal de amor, quem ama fica vigilante aguardando… mesmo se ele demora para chegar… Por isso, vemos que o esposo não virá somente uma vez no fim do mundo, mas é preciso esperá-lo todos os dias…

+ Deus está sempre conosco: Jesus permanece sempre ao nosso lado.

Há porém momentos de um encontro mais profundo: são as visitas de Deus; sobretudo a última para a qual o Senhor chamou hoje especial atenção. Mas quem vive vigilante, não se preocupa… pelo contrário, aguarda com profunda esperança esse momento. Cristo continua advertindo também a nós: “Ficai vigiando…” para que o Cristo não fique despercebido e um dia, fechando-nos a porta, ele nos diga aquelas terríveis palavras: “Eu não vos conheço…” A Liturgia de hoje nos convida a esperar

– com muito amor na lâmpada do nosso coração e

– com muita sabedoria na lâmpada de nossa mente.

Que assim 

 Pe. Antônio G. Dalla Costa – 12.11.2017