18.11.2021

Cristo Rei

Numa época em que, mais do que nunca, o homem experimenta o delírio de sua soberba e de seu poderio sobre o mundo e sobre a história, fazendo-se o rei desse mundo, a solenidade de Cristo Rei do Universo adquire um significado profético: esse Mundo, essa História, essa Humanidade tem dono, tem um Senhor: Jesus Cristo, Crucificado!

Por isso, com muito acerto, diz o Papa Francisco:

 As criaturas desse mundo não podem ser consideradas um bem sem dono: «Todas são tuas, ó Senhor, que amas a vida» (Sab 11, 26). Isto gera a convicção de que nós e todos os seres do universo, sendo criados pelo mesmo Pai, estamos unidos por laços invisíveis e formamos uma espécie de família universal, uma comunhão sublime que nos impele a um respeito sagrado, amoroso e humilde (LS 89).

O reinado de Deus sobre todas as coisas proclama também o destino comum de todos os bens desse mundo. Por isso, assevera ainda nosso Papa:

Hoje, os crentes e não-crentes estão de acordo que a terra é, essencialmente, uma herança comum, cujos frutos devem beneficiar a todos. Para os crentes, isto torna-se uma questão de fidelidade ao Criador, porque Deus criou o mundo para todos. Por conseguinte, toda a abordagem ecológica deve integrar uma perspectiva social que tenha em conta os direitos fundamentais dos mais desfavorecidos… A tradição cristã nunca reconheceu como absoluto ou intocável o direito à propriedade privada, e salientou a função social de qualquer forma de propriedade privada. São João Paulo II lembrou esta doutrina, com grande ênfase, dizendo que «Deus deu a terra a todo o gênero humano, para que ela sustente todos os seus membros, sem excluir nem privilegiar ninguém» (LS 93).

A solenidade de Cristo Rei nos leva ao desafio de inverter essa atitude e, assim, fazer-nos, como Francisco, arautos e servos de tão grande Rei. Além do mais, se as criaturas todas estão sob o reinado e o cuidado de Deus, que é Pai, só nos resta, como ele, cantar: Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas… (Cf. LS 87); ou, então, cairmos de joelhos para rezar:

“Nós vos adoramos, santíssimo Senhor Jesus Cristo, aqui e em todas as vossas Igrejas que estão no mundo inteiro, e vos bendizemos, porque pela vossa santa Cruz remistes o mundo!” (1C 45; T4).

Frei Dorvalino Fassini, OFM