18.03.2020

Irmãs de clausura, ensinem-nos o sentido da espera

(Istock)
 
“Garantam-nos que se pode viver com pouco e, mesmo assim, viver na alegria; o espírito não pode ser aprisionado, e quanto mais estreito for o espaço mais amplos serão os céus”. Palavras de dom Arturo Aiello, bispo de Avellino, na sua carta às Irmãs de clausura em tempos de Coronavírus
 

Jane Nogara – Cidade do Vaticano

O que as irmãs de clausura podem nos ensinar em tempos de Coronavírus? De um momento para outro estamos todos reclusos em nossas casas, sem preparação, somente com o instinto da preservação e do bom senso cívico de proteção de todos os nossos irmãos mais frágeis, sabendo que também nós podemos ser atingidos pelo vírus, que já dizimou milhares de pessoas em todo o mundo.

Na Itália, estão sendo feitas várias iniciativas para pedir oração e orientação às religiosas de clausura que vivem sempre o que estamos passando neste momento, ou seja, reclusos em nossas casas, pensando, trabalhando, tentando sempre ser otimistas, positivos, mas com o passar dos dias é sempre mais árduo o caminho. O entusiasmo inicial da “novidade”, pode dar lugar a indícios de impaciência, e isso deve ser aplacado, atenuado.

As religiosas podem nos ajudar!

As religiosas podem nos ajudar! Esta é a certeza do bispo da cidade de Avellino, Dom Arturo Aiello, que convidou publicamente as monjas de clausura, pedindo suas orações “neste tempo de perigo e dificuldade para as nossas comunidades” que sofrem pela difusão do “Covid-19”.

“Ensinem-nos a arte de viver contentes com nada, em um pequeno espaço, sem sair, mas cheios de viagens interiores que não precisam de aeronaves e trens”. O bispo escreve ainda “pedimos o encorajamento necessário para entender que o espírito não pode ser aprisionado, e quanto mais estreito for o espaço mais amplos serão os céus”.

A arte do silêncio

Com fervorosa invocação Dom Aiello continua: “Garantam-nos que se pode viver com pouco e mesmo assim viver na alegria”, “devolvam-nos o prazer das pequenas coisas” , “digam-nos que podemos ficar juntos sem estarmos aglomerados uns aos outros, corresponder de longe, beijar sem nos tocarmos, conceder a carícia de um olhar ou de um sorriso, simplesmente olharmo-nos”.

Dom Aiello pede também às irmãs de clausura para que ensinem a todos “a arte do silêncio” e da espera,  educar todos “a fazerem as coisas lentamente, com solenidade, sem correr, prestando atenção aos detalhes porque cada dia é um milagre, cada encontro um dom”.

“A vocês, mestras da vida reclusa e feliz – conclui a carta do bispo – confiamos a nossa fragilidade, os nossos medos, os nossos remorsos, as nossas faltas com Deus que está sempre nos esperando. Vocês que recebem tudo em suas orações e em troca restituem alegrias e dias de paz”.