15.12.2021

O valor do silêncio no discernimento vocacional

 

o valor do silencio

Estudar, praticar exercícios físicos, arrumar a casa, lavar roupa, fazer comida, ler um livro, estudar, dormir 8h por dia…. Cansa só de imaginar a infinidade de obrigações que ocupam as horas do nosso dia e, geralmente, nem conseguimos encaixar tudo em 24h. Como já citamos no artigo “Como saber se é Deus Chamando?”, a correria e incansável busca pelo perfeccionismo e produtividade ativa, cria uma falsa ilusão de que estamos aproveitando bem o nosso tempo. Mas que tempo sobra para, simplesmente, não fazer nada? Que tempo você encaixa na sua agenda tão corrida, para somente fechar os olhos e estar em silêncio? 

“A prática dos Exercícios constitui não somente uma pausa tonificante e revigorante para o espírito, no meio das dissipações da barulhenta vida moderna, mas também uma escola, ainda hoje, insubstituível para introduzir as almas numa maior intimidade com Deus, no amor à virtude e à ciência verdadeira da vida, como dom de Deus e como resposta ao seu chamado” (Paulo VI).

Também o silêncio pode ser ouvido. Que esse silêncio nos ensine a ouvir, dóceis ao Espírito Santo que faz maravilhas e nos transforma.

O silêncio prepara espaço para que Deus o preencha 

Quando permanecemos em silêncio e aguçamos nossos sentidos para o interior de nosso ser, ouvimos a verdade e Deus se revela em nossa interioridade.

“A contemplação é um deixar-se impregnar e invadir pelo mistério contemplado. O próprio mistério tem a sua força. Deixar que o Evangelho nos molde e não querer interpretá-lo. Por isso, requer-se mais simplicidade, humildade e permanência na Presença de Deus. É a atitude de deixar-se ensinar. O ritmo das contemplações é lento. Não deve buscar logo aplicações para a vida. Ficar atento às moções, às consolações que brotam, as desolações que surgem, acolhendo, demorando-me nas consolações e descartando as desolações. (Glosa de apontamentos do P. José Roque Jungues, SJ).

Santa Clara de Assis é uma inspiração no âmbito da prática do silêncio e contemplação a fim de alcançar o discernimento. Em toda sua vida, ela foi “habitada por um silêncio”, renunciou à nobreza e à riqueza para viver pobre e humilde, adotando a forma de vida que Francisco de Assis propunha. Ele também foi um Santo que valorizou e viveu o silêncio e quietude, em vários momentos da sua missão. São Francisco de Assis viveu com intensidade e buscava, com frequência, lugares solitários, com o objetivo de aprender a calar para ouvir além do ruído das palavras e de seus próprios pensamentos. 

Você já deve ter conseguido entender que contemplação e silêncio vão muito além do que estar em um lugar silencioso, não é uma prática difícil, nem delonga de tempo, basta você ser sincera, limpar seu pensamentos e se conectar com sua verdade, que Deus assim se revelará nesse espaço, tornando mais claro o seu discernimento vocacional. Fazer silêncio é respeitar a ação de Deus em nós. 

“É preciso voltar a contemplar; para não nos distrairmos com mil coisas inúteis, é preciso reencontrar o silêncio; para que o coração não adoeça, é preciso parar.

As criaturas têm um valor em si e ‘refletem, cada uma à sua maneira, um raio da infinita sabedoria e bondade de Deus’. Esse valor e esse raio de luz divina devem ser descobertos e, para os descobrirmos, precisamos de silêncio, escuta e contemplação. A contemplação cura a alma”, afirma o Papa Francisco.