01.02.2023

Uma leitura sobre a compaixão nos dias atuais

A compaixão é uma força que nasce de dentro para fora, que traz para si as dificuldades do outro

Se pesquisarmos no dicionário a palavra compaixão, deparamo-nos com esse significado: 

“Sentimento piedoso de simpatia para com a tragédia pessoal de outrem; participação espiritual na infelicidade alheia que suscita um impulso altruísta de ternura para com o sofredor”. 

Quando falamos de sentimento piedoso, lembramo-nos de São Francisco de Assis que, apesar de não utilizar a palavra compaixão em suas escrituras, nos ensina que esse sentimento deve ser alimentado por todos.

Dessa forma, as ações assumidas em prol das pessoas necessitadas e menos afortunadas, levaram o santo a transformar a sua missão num caminho de amor e resiliência. 

A compaixão é uma força que nasce de dentro para fora, que traz para si as dificuldades do outro. É uma atitude que ultrapassa as fronteiras da pessoa em prol de auxiliar a vida de conhecidos e, às vezes, desconhecidos. 

Atualmente, esse sentimento precisa ser estimulado para que esteja cada vez mais presente em nosso cotidiano pois, observando a forma como muitas pessoas lidam com os problemas alheios, percebemos que se manifestam apenas sendo curiosas, sem oferecer a devida ajuda. 

E essa falta de interesse pode ser encontrada, também, nas redes sociais que, às vezes, se tornam espaços que escancaram a inexistência da compaixão e da empatia. 


Compaixão nos dias atuais

Vivemos em uma sociedade que preza pelo individualismo e, demonstrações de compaixão, podem ser consideradas como fraqueza. Sendo que, na verdade, esse sentimento representa sua força. 

Por exemplo, em 2021, centenas de refugiados chegaram à Itália e foram mal acolhidos. Ao saber disso, o Papa expressou seus sentimentos, com as seguintes palavras: 

“Nossa cultura moderna nos tirou a compaixão pelos nossos semelhantes; nós nos tornamos incapazes de chorar”.

E é a verdade. Muitos não se preocupam em aliviar a dor do próximo, apenas lidam com os próprios problemas, como se as injustiças e sofrimentos, que ocorrem fora de casa, não afetassem a vida de todos, de forma direta ou indireta. 

Logo, a compaixão nos dias atuais precisa ser reaprendida e praticada com urgência. 

 

Compaixão nas redes sociais

As redes sociais estão presentes na vida de praticamente todas as pessoas.  

Pelas mídias, podemos tomar conhecimento sobre tudo o que ocorre no mundo, inclusive as tragédias. O que é notável nas redes sociais, são os usuários que se compadecem com os problemas alheios, mas não se movem em busca de um resultado. 

Há centenas de comentários de usuários sensibilizados, em diversas postagens, mas que não oferecem ajuda, de fato, para encontrar uma solução. 

Logo, isso nos leva a refletir se realmente estamos compadecidos com o que os outros estão passando ou apenas queremos que a sociedade pense que estamos preocupados.

Em suma, a compaixão nos dias atuais, mesmo não sendo tão vasta, ainda existe. Esse sentimento pode ser transmitido pelas redes sociais e traduzido em formas concretas de ação.  

Portanto, pode-se entender que a compaixão leva o ser humano a um caminho dinâmico, a partir da experiência de ser amado e guiado por Deus, convocado a amar e cuidar uns dos outros, a exemplo de Jesus, que amou até o fim. 

“Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”, Parábola do Bom Samaritano (Lc 10,33-34), provoca-nos a ser presença amorosa de serviço na vida de tantos que sofrem abandonados à beira do caminho. “Ver, compadecer-se e cuidar” são compromissos indispensáveis à vida, que humanizam e possibilitam novas relações.