Celebramos hoje a festa de PENTECOSTES, a festa conclusiva do tempo pascal. Com o envio do Espírito Santo sobre os apóstolos, marca-se o início da MISSÃO e o nascimento da IGREJA.
As leituras bíblicas nos falam do fato:
Na 1a Leitura, Lucas descreve como um fato solene, acontecido em JERUSALÉM na festa judaica do Pentecostes, 50 dias depois da Páscoa. A ação do Espírito inaugura a missão da Igreja. O Espírito presente no início da vida pública de Jesus, está presente também no início da atividade missionária da Igreja. O Espírito Santo transforma profundamente os apóstolos e une numa mesma comunidade de amor, povos de todas as raças e culturas. Inúmeros ouvintes pedem o Batismo… (At 2,1-11)
+ O “Pentecostes“ era uma festa judaica muito antiga, celebrada 50 dias depois da Páscoa.
– Inicialmente era uma festa agrícola, que agradecia a colheita do trigo e oferecia as primícias.
– Posteriormente passou a celebrar a chegada do Povo de Israel ao Sinai, onde recebeu a Lei de Deus. (Tornou-se a festa da Lei, da Aliança).
* Lucas queria afirmar que na festa da entrega a Lei de Moisés, recebemos a nova Lei de Cristo: o Espírito Santo.
– Daí apresentar os mesmos fenômenos do Sinai; trovões, vento forte, chamas de fogo…
– Várias línguas… quer ensinar que a Igreja é destinada a todos os povos, sem barreiras de língua, raça ou nação.
– Lembra o episódio da torre de Babel: Lá ninguém mais se entende… a se afastam uns dos outros… Aqui o Espírito inicia um movimento inverso. Todos falam uma língua que todos compreendem. Formam uma única família, onde todos se entendem e se amam. Esse texto apresenta a Igreja como uma comunidade de irmãos reunidos por causa de Cristo, animada pelo Espírito do ressuscitado, que testemunha na história o projeto libertador de Jesus.
A 2a leitura, recorda a ação do Espírito Santo na Comunidade.
A Igreja unida em Cristo, formando um só corpo na diversidade de dons e ministérios, que se manifestam para o bem comm. (1 Cor 12,3b-7.12-13)
No Evangelho, João situa a recepção do Espírito Santo na GALILÉIA, no anoitecer do dia de Páscoa. (Jo 20,19-23) Jesus ressuscitado vai ao encontro dos apóstolos, oferece a paz e os plenifica com os dons do Espírito Santo.
– O “anoitecer”, as “portas fechadas“, o “medo” revelam a situação de uma comunidade desorientada e insegura.
– Entretanto, Jesus aparece “no meio deles”. Ele é o centro e a razão de ser da Comunidade.
– Jesus lhes deseja “a paz” (‘Shalon’). Significa serenidade, tranquilidade, confiança, para os discípulos superarem o medo e a insegurança.
– Em seguida, Jesus “mostra-lhes as mãos e o lado”. As cicatrizes são memória permanente das torturas sofridas. São os “sinais” da entrega total e amorosa de Jesus na cruz.
– Depois, comunica o Espírito, com o gesto de soprar sobre os discípulos. Com o “sopro” de Deus na criação, o homem de barro adquiriu vida. Com este “sopro” de Jesus, nasce o Homem Novo.
– Finalmente, Jesus explicita a missão dos discípulos: “Como o Pai me enviou… eu também vos envio…”
– A reação da Comunidade é a alegria, que agora ninguém poderá tirar. Embora as perspectivas de João e de Lucas sejam diferentes, a finalidade é a mesma. Ambos mostram que o mesmo Espírito, que acompanhou a ação missionária de Jesus, continua assistindo a ação missionária de sua Igreja.
O Pentecostes continua:
Diante desses fatos grandiosos, talvez invejemos a sorte dos apóstolos e esquecemos que o Pentecostes continua ainda hoje…
– Em NOSSA VIDA houve um Pentecostes. Animados pelo dom do Cristo Ressuscitado no BATISMO e fortalecidos pelo Espírito Santo recebido na CRISMA, somos enviados ao mundo como mensageiros da paz e da reconciliação.
– Na IGREJA: O Espírito Santo é a alma da Igreja. Faz nascer a Igreja e sempre a renova ao longo dos tempos, com seus dons e carismas.
– Na MISSÃO: “Como o Pai me enviou, eu também vos envio…”
O cristão é um enviado:
> Para viver e contagiar a Paz, às vezes tão ausente no mundo…
> para experimentar o perdão e a misericórdia (atitudes da igreja no mundo)…
> A ser construtores da Comunidade.
– NA MESMA LINGUAGEM: todos se entendem… todos falam a linguagem do amor… “O Espírito na aurora da Igreja deu a todas as nações o conhecimento da divindade e reuniu a variedade das línguas na confissão da mesma fé”. (Prefácio)
Que Ele ilumine nossos passos, nosso agir e nossas escolhas. Que Ele nos dê coragem e alegria para sermos verdadeiros DISCÍPULOS e MISSIONÁRIOS de Cristo.
(Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa – 04.06.2017)