03.03.2020

RETIRO QUARESMAL – Terça-feira da 1ª; semana da Quaresma

“ Vós, orai assim” (Mt 6, 7-15; Is 55. 10-11; Sl 34)

Como fazer a oração pessoal diária?

  • Escolha um lugar apropriado para a oração e uma posição corporal que a ajude.
  • Pacifique-se por meio do silêncio exterior e interior.
  • Tome consciência de que você não está só acolhendo a presença de Deus como amigo; invoque o Espírito Santo.
  • Faça uma oração de oferecimento na qual todos os pensamentos. Palavras. Sentimento e ações sejam colocados nas mãos de Deus par Ele os transforme. Expresse todas as preocupações, todas as alegrias, todas as dificuldades; tudo o que está acontecendo na sua vida.
  • Pela graça de viver um tempo de conversão, de intimidade com Deus e de serviço aos irmãos.
  • Vá ao texto do dia, seguindo as orientações sugeridas. Dedique tempo à Palavra de Deus e às imagens e lembranças que ela vai trazendo. Saboreie a Presença de Deus dentro do coração.
  • Termine com uma oração de despedida amorosa, agradecendo por aquilo que aconteceu na oração. Reze um Pai Nosso e uma Ave Maria.

Nos Evangelhos encontramos várias passagens nas quais Jesus é apresentado orando no silêncio da noite, em profunda e prolongada comunhão com o Pai.

Sua solidão não é vazia; está habitada pela intimidade com o Pai pelo sonho do Reino, pelos rostos dos prediletos do Reino: os pecadores, os pobres, os doentes, os oprimidos…

 Jesus, o artista do madeiro, soube “esculpir” belas palavras para expressar essa profundida intimidade entre o ser humano e Deus. É isso que encontramos na oração do “Pai-Nosso”.

Jamais palavras simples tiveram tanta profundidade. Jamais um texto tão pequeno foi tão revolucionário.

O Pai-Nosso é a única oração que Jesus nos ensinou e resume de maneira simples sua mensagem, sua intenção e sua missão. Nela, Jesus expressa intimidade com o Pai e Seu compromisso com os outros, especialmente os mais pobres e sofredores. Se rezado com atenção e profundidade, o Pai-Nosso é também, para nós, um itinerário de expansão de nós mesmos, uma proposta de des-centramento.

Ela não é uma fórmula a ser decorada, mas um projeto de vida cujas atitudes levam a uma assimilação progressiva da filiação e da fraternidade.

O Pai-Nosso é uma oração universal porque é dirigida a todo ser humano, de qualquer raça, cultura, religião, mas em especial àqueles que têm coragem de se esvaziar de si mesmos e se tornam eternos aprendizes, àqueles que procuram a serenidade e a mansidão. Àqueles que têm sede e fome de justiça, àqueles que querem construir uma nova sociedade.

Apesar de Deus ter muitos nomes nas diversas religiões, a deslumbrante oração ensinada por Jesus só aponta um nome: Pai. “Pai” é um nome que qualquer ser humano compreende, um nome que não fere nenhuma cultura e não fomenta nenhum sectarismo.

Por isso, tudo o que a oração do Pai-Nosso pede é universal (pai, pão, perdão), sendo, ao mesmo tempo, muito judaico, muito cristão, ou seja, muito humano.

Isso é ser cristão na intimidade com Deus, poder dizer “Pai” (ou “Mãe”). Saber que estamos envolvidos pelas mãos providentes e cuidadosas do Pai, que somos presença de Deus no mundo (que Ele vive e se expressa em nós), essa é a essência da oração cristã. Nada mais, só isso: “Abba”, Pai/Mãe, proclamado e vivido…para assim crescermos e sermos humanos a partir de Deus. Podemos dizer que o objetivo da oração é colocar-nos no Pai, inscrever-nos no seu coração: “eu sou no Pai, existo no Pai”.

A principal oração cristão não se reduz a um conjunto de pedidos, mas é a expressão de uma relação confiante e filiar. Ao dizer “Abba” Jesus dirigia-se a Deus como uma criança a seu pai, com a mesma simplicidade íntima, o mesmo abandono confiante. Essa é a originalidade de Jesus. Ele é pura visibilização do Amor: E basta!

O “Abba” de Jesus não é um Deus insensível, mas um Pai solidário, que rompe distâncias e se faz íntimo dos seus filhos e filhas. Não é um Deus que imprime culpa e controla comportamentos, mas um pai apaixonado que deseja ardentemente ser conhecido e criar vínculos de amor.

Santo Inácio, no “segundo modo de orar”, nos ensina a “contemplar o significado de cada palavra da oração” do Pai-Nosso.

  • Recito palavra por palavra. Ex: Pai-Nosso.
  • Considero essa palavra enquanto encontrar significados, sentidos novos, comparações, gosto e consolação.
  • Não me preocupo em passar à palavra seguinte, mesmo que fique muito tempo do exercício apenas com uma ou duas palavras.
  • No colóquio final, dirijo-me ao Pai, expressando o que meu coração sente no momento: louvor, gratidão, súplica, silêncio….
  • Termino o tempo recitando toda a oração de modo de modo costumeiro, agradecendo a Jesus por poder compartilhar seu jeito de orar e de viver.
  • Revejo e anoto o que foi significativo nesse encontro com o Senhor.