15.02.2018

Quinta-feira de Cinzas

Sunset over the beach, Bulgaria, Varna.

 

“Se alguém quer vir após mim…”

( Lc 9,11-25; Dt 30,15-20; Sl 1)

Busque ler pausadamente o texto de Lc 9,11-25. Deixe-se interpelar pelo convite de Jesus.

Graça. Pedir ao Senhor a graça do despojamento e coragem para que, livremente, possa abraçar a cruz de cada dia, conformando a própria vida à de Jesus e seu projeto.

Poderia dizer que vontade, coragem e determinação são características que devem estar no coração e na vida de quem realmente se dispõe a abraçar a proposta de Jesus na condição de discípulo(a). É impensável ser discípulo(a), conforme o coração do Senhor, sem estar em sintonia com Ele! Ir após Jesus significa viver um constante esvaziamento de si mesmo. É tomar nas próprias mãos a vida. Renunciar a tudo que depõe contra a vida em plenitude que Ele abraçou e ofereceu. É abrir mão de si e lutar contra as injustiças, ambições desmedidas e a tudo que desumaniza. É correr o risco de ser rejeitado, ser pisado e hostilizado como Jesus, sem dar motivos para tanto. É “dar a vida para ganhá-la”.

Para abraçar Jesus e sua proposta, é preciso ser mais que simpatizante. É se dispor a subir com Ele a Jerusalém e ter coragem de passar o mesmo que Ele passou, não só no embate final, mas também no dia a dia. Na oração de hoje, Jesus lança a tríplice condição para mais associar-se a Ele. Pondere seu convite:

  • Renunciar a si mesmo. Sem uma sincera renúncia de si, a opção pelo Reino não se sustenta. Isso implica morrer para o próprio amor, querer e interesse. Essa renúncia demanda disposição para viver todo o amor de Cristo, todo o querer de Cristo, todo o desejo de Cristo, ou seja, viver inteiramente com Ele, para Ele e Nele. Significa ter aquela atitude ou desejo, tal como confessa São Paulo aos Filipenses (Fl 1,21): “Para mim, viver é Cristo, morrer é lucro!”. Ou ainda aos Gálatas (Gl 2,20): “Não sou que vive, é Cristo que vive em mim!”.
    • Reflita: “O que ainda me amarra, impedindo-me de ser de Cristo?”
  • Tomar a cruz. Não há identificação com Ele se esta não contempla a possibilidade da cruz. Não se abraça de modo masoquista a cruz pela cruz. Nem o Senhor fez isso. A cruz está intimamente ligada à sua fidelidade ao Pai e é consequência de sua opção amorosa aos irmãos. Tomar a cruz significa estar disposto a acolher as perseguições e até mesmo a morte como Jesus, se esta é consequência também da fidelidade ao seu projeto de amor:
    • Reflita: “Qual tem sido o peso de minha cruz?”.
  • Seguir. Estar disposto a “ir após Jesus” significa viver tendo-O como horizonte. Implica aceitar as asperezas do caminho, não diferente daquelas que O levaram injustamente à morte. São muitas ocasiões para vivenciar esses desafios. Reflita. “ Neste momento de minha vida, estou disposto a perder a vida como Jesus, por amor a Ele e a seu Reino?”.Colóquio. Jesus tem uma proposta clara e desafiante. Meditar sobre esse convite pode ter provocado distintas reações. Converse com o Senhor sobre o que brotou desse confronto. E, diante da fraqueza ou do desejo de dar um passo atrás, peça ao Pai ânimo e coragem para perseverar. Finalize com a oração do pai-nosso. (Retiro Quaresmal)