Além disso, quando o coração está verdadeiramente aberto a uma comunhão universal, nada nem ninguém fica excluído desta fraternidade. Portanto, é verdade também que a indiferença ou a crueldade com as outras criaturas deste mundo acabam sempre de alguma forma por se repercutir no tratamento que reservamos aos outros seres humanos. O coração é um só, e a própria miséria que leva a maltratar um animal não tarda a manifestar-se na relação com as outras pessoas. Todo o encarniçamento contra qualquer criatura «é contrário à dignidade humana». Não nos podemos considerar grandes amantes da realidade se excluímos dos nossos interesses alguma parte dela: «Paz, justiça e conservação da criação são três questões absolutamente ligadas, que não se poderão separar, tratando-as individualmente sob pena de cair novamente no reducionismo.» Tudo está relacionado, e todos nós, seres humanos, caminhamos juntos como irmãos e irmãs numa peregrinação maravilhosa, entrelaçados pelo amor que Deus tem a cada uma das suas criaturas e que nos une também, com terna afeição, ao irmão Sol, à irmã Lua, ao irmão Rio e à mãe Terra.
Papa Francisco, in ‘Laudato Si’ – Sobre o Cuidado da Casa Comum’ (citador.pt/textos)