19.06.2017

Impelidos pelo Espírito para a missão

Jesus Christ the Saviour of the World, the Prince of Peace.

 

Quem se deixou atrair pela voz de Deus e começou a seguir Jesus, rapidamente descobre dentro de si mesmo o desejo irreprimível de levar Boa Nova aos irmãos, através da evangelização e do serviço na caridade. Todos os cristãos são constituídos missionários do Evangelho. Com efeito, o discípulo não recebe o dom do amor de Deus para sua consolação privada; não é chamado a ocupar-se de si mesmo nem a cuidar dos interesses duma empresa; simplesmente é tocado e transformado pela alegria de se sentir amado por Deus e não pode guradar esta experiência apenas para si mesmo : “a alegria do Evangelho, que enche a vida da comunidade dos discípulos, é uma alegria missionária” (Francisco, Exort. Ap Evangelli goudium, 21). Por isso, o compromisso missionário não é algo que vem acrescentar-se à vida cristã como se fosse um ornamento, mas, pelo contrário, situa-se no âmago da própria fé: a relação com o Senhor implica ser enviados ao mundo como profetas da sua palavra e testemunhas do seu amor.

Se experimentarmos em nós muita fragilidade e às vezes podemos sentir-nos desanimados, devemos levantar a cabeça para Deus, sem nos fazermos esmagar pelo sentimento de inaptidão nem cedermos ao pessimismo, que nos torna espectadores passivos duma vida cansada e rotineira. Não há lugar para o temor: o próprio Deus vem purificar os nossos “lábios impuros”, tornando-nos aptos para a missão. ”Foi afastada a tua culpa e apagado o teu pecado!” Então ouvi a voz do Senhor que dizia: ”Quem enviarei? Quem será o nosso mensageiro?” Então eu disse: “ Eis-me aqui, envia-me” (Is6,7-8).

Cada discípulo missionário sente, no seu coração, esta voz divina que o convida a “andar de lugar em lugar” no meio do povo, como Jesus, “fazendo o bem e curando“ a todos (cf At 10,38). Com efeito, já tive ocasião de lembrar que, em virtude do Batismo, cada cristão é um “cristóforo” ou seja, “um que leva Cristo” aos irmãos (cf Francisco, Catequese, 30 de janeiro de 2016). Isto vale de forma particular para as pessoas que são chamadas a uma vida de especial consagração e também para os sacerdotes, que generosamente respondem “eis-me aqui, envia-me”. Com renovado entusiasmo missionário, são chamados a sair dos recintos sagrados do templo, para consentir à ternura de Deus de transbordar a favor dos homens (cf Francisco, Homilia na missa crismal, 24 de março de  2016). A Igreja precisa de sacerdotes assim; confiantes  e serenos porque descobriram o verdadeiro tesouro, ansiosos por irem fazê-lo conhecer jubilosamente a todos (cf Mt 13,44). (…)

             Papa Francisco ( Mensagem para o Dia Mundial de oração pelas Vocações, Maio de 2017)