31.10.2017

Finados: celebração do amor que salva

Colourful maple tree in the autumn with gravestones in an urban cemetery.

              No dia em que celebramos os fiéis defuntos, 02 de novembro, a liturgia da Igreja nos convida a falarmos da vida. Para quem não crê parece estranho, mas para o cristão de fé, falar da morte é falar da vida. A morte vista à luz da fé é vida nova. Morremos para o mundo e passamos a viver para Deus. O episódio da ressurreição de Lázaro narrado por São João no seu Evangelho nos revela a força do amor que vence a morte.

“Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido.” “Teu irmão ressuscitará”. “ Eu sei que ele vai ressuscitar, na ressurreição do último dia”. Então, Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que tenha morrido, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais. Crês nisso?”

“Sim Senhor, eu creio firmemente que tu és o Cristo, o Filho de Deus, aquele que devia vir a este mundo” (cf jo 11,17-44). Jesus chora a morte de Lázaro, não como choram suas irmãs e seus amigos, chora de desespero, de desilusão frente ao fracasso da vida que é ceifada pela morte. Jesus chora a falta de fé e de esperança destes que ainda não compreendem o mistério da vida nova oferecida por Ele, a ressurreição. Ter fé e esperança na ressurreição faz com que vivamos felizes e alegres no testemunho do amor de Deus por nós, manifestado na pessoa de Jesus Cristo que aceita morrer para nos salvar. Para o homem e a mulher de fé, a morte não é o fim, mas sim o amor de Cristo oferecido gratuitamente à humanidade inteira. Somos chamados a anunciar ao mundo este amor que salva e explode em júbilo pela vida afora”. Vede como Ele o amava” é a conclusão dos judeus que contemplam o choro de Jesus pelo amigo, pronto para salvá-lo das amarras da morte. “Lazaro, vem para fora!” “Desamarrai-o deixai-o ir” (Jo11,36). “Para quem crê em Deus, a vida não é tirada, mas transformada. Corrompe-se o nosso corpo mortal e, no céu Deus nos garante um corpo glorioso, imperecível, pois esta é a  sua vontade: que ninguém morra, mas que todos tenham vida, e vida em plenitude.

    Dom Eduardo Vieira dos Santos (Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo)