02.12.2019

Ecos da minha visita às Irmãs do Brasil no ano de 2019.

Viajei para o Brasil no dia 26 de agosto e retornei à Alemanha no dia 13 de novembro. No início de minha permanência no Brasil submeti-me à cirurgia da catarata em ambos os olhos. Enquanto me recuperava, visitei as Irmãs da Comunidade “Santa Clara”, em Embu-Guaҫu, São Paulo e participei de reuniões em São Paulo. A partir do dia primeiro de outubro, após breve visita aos meus parentes em Santa Catarina, visitei todas as outras Comunidades da Região “Santa Elisabeth”. Foram visitas curtas, devido à carência de dias disponíveis, mas intensivas.

Para este meu comentário sobre a viagem tomo, hoje, como ponto de partida, a conversa que tive no dia 03 de setembro com uma das colaboradoras do Colégio “Santa Clara”. Esta conversa impressionou-me e  me mostrou, mais uma vez claramente, qual a missão das Franciscanas de Ingolstadt nos dias de hoje. Antonia Alves Bressanin, assim é que se chama a professora. Disse-me que teve a sorte de ser admitida no Colégio “Santa Clara” no ano de 1996, a fim de cursar as primeiras séries do Ensino Fundamental. Por não haver possibilidade de continuar a estudar nesta escola, transferiu-se para outra. Mais tarde cursou o Magistério, tudo com muito sacrifício. Terminado este, desejava muito ser professora no Colégio “Santa Clara”. E foi contratada. Mas as Irmãs insistiam com ela para que continuasse os estudos. Porém, como? A Faculdade ficava longe e o dinheiro era curto. As Irmãs, que antes já a tinham aceito para estudar no “Santa Clara”, mais uma vez a ajudaram, dando-lhe, por vezes, pernoite e levando-a de carro, quando iam para a Faculdade. Antonia disse, com lágrimas nos olhos, que tudo o que as Irmãs lhe passaram, são valores em sua vida, que procura passar adiante na família e na escola. E concluíu: “Com meu trabalho comprei um sítio para meus pais e fiz a casa de meus sonhos…”

Irmãs, neste testemunho está tudo dito sobre nossa missão como Franciscanas de Ingolstadt. Somos convocadas a ajudar as pessoas a nós confiadas a tomarem suas vidas nas mãos e a se tornarem sujeitas de sua própria transformaҫão.

Vocês, queridas Irmãs, realizam esta missão de muitas maneiras.

 Diante dos olhos do meu espírito repasso todos os grandes e pequenos gestos que são realizados por vocês em toda a parte.

Vejo, assim, as Irmãs que cuidam de idosos esquecidos pela sociedade, e aquelas que se dedicam ao cuidado de nossas Irmãs doentes e idosas. Quanta paciência e empatia!

Vejo as que se dedicam à formaҫão de crianҫas e adolescentes nas escolas e nas paróquias, na educaҫão formal e informal, formaҫão que podemos chamar de integral, pois não visa apenas o intelecto, mas também o desenvolvimento espiritual e a saúde física. Enfim, visa o crescimento da pessoa na sua identidade pessoal e como ser em relaҫão. Quê missão maravilhosa: ajudar outras pessoas a se tornarem mais elas mesmas!

Vejo as que emprestam seus ouvidos e seu coraҫão para escutar as pessoas e, quem sabe, lhes dar uma palavra de ânimo e conforto. Isto acontece, muitas vezes, de forma inesperada e nas circustâncias as mais diversas. Quê satisfaҫão interior isto provoca!

Vejo as que carregam nos ombros uma missão de lideranҫa. Que a forҫa do Espírito Santo nunca lhes falte, pois precisam de coragem, sabedoria e discernimento.

Vejo as que dedicam seu tempo e suas forҫas tentando transformar a realidade social em que vivem, orientando mães no cuidado de seus filhos que estão para nascer ou já estão há algum tempo neste nosso mundo. Vejo as que procuram tirar os jovens das ruas, da dependência química, das más companhias. Coragem lhes desejo!

Vejo as que colocam a energia e a luz que brota de seu interior nas mãos que, através do toque, aliviam dores físicas e da mente. Que usam as plantas que Deus criou para curar. Tomara que esta energia nunca acabe!

Vejo as que são boas na arte, na música e na comunicaҫão. Elas encurtam as distâncias que há entre as pessoas, pois trazem para elas um pouco da beleza de Deus. Que sua alegria venha sempre do interior de seus coraҫões!

Vejo as que se dedicam à formaҫão inicial das jovens Irmãs e das formandas. Colaborar para que outros possam encontrar o caminho da vida é coisa admirável. Que sua própria vocaҫão se fortaleҫa ao moldar a vocaҫão dos outros!

Vejo as doentes ou idosas. O tempo para elas custa a passar, porque já não podem mais ser tão ativas quanto antigamente, mas sua experiência de vida é valiosa e serve de estímulo para quem vem depois. Que os limites não lhes roubem a alegria de viver!

Vejo algumas que se dizem desconsideradas, cansadas, fazendo coisas sem sentido. Desejo-lhes a renovaҫão de seu olhar interior e novo vigor.

Há pouco celebramos Santa Elisabeth. Padre Stadler, na homilia da festa, destacou duas virtudes da santa: seu imenso amor ao próximo e seu jeito humano de ser. Ela amou tanto os pobres que, não satisfeita em servi-los, quis viver como eles. De onde hauria forҫas e sentido para seu agir? De seu contato íntimo com Deus.

Também nós, queridas Irmãs, tenhamos tempo para ficar com Deus, a fim de que o nosso ficar com os outros possa ter qualidade. Cuidemos, pois, da vida espiritual e da vida fraterna. Ainda precisamos crescer nestas dimensões. Estas, mais a missão, constituem o tripé sobre o qual se fundamenta nossa vida consagrada.

“Por tudo dai graҫas…” (1 Tes 5, 18), é a oraҫão que brota do meu coraҫão ao rememorar o encontro com tantas  pessoas  e  todas as experiências vividas nesta minha estadia entre as Irmãs da Região “Santa Elisabeth”. Amém!

 

Ir. Paula Krindges

Superiora Geral