09.04.2017

Domingo de Ramos

As irmã ofertaram flores ao altar

Celebramos hoje o DOMINGO DE RAMOS. A liturgia apresenta dois momentos bem distintos:

– A ENTRADA DE JESUS EM JERUSALÉM, com a procissão de Ramos… num clima de alegria…como GESTO de FÉ e de COMPROMISSO.

– O INÍCIO DA SEMANA SANTA, com a Leitura da Paixão do Senhor, na missa, relembrando o caminho do sofrimento e da Cruz.  Dois momentos distintos da vida de Jesus: Triunfo e Humilhação. Jesus se apresenta em Jerusalém propondo a paz e recebe a violência… As Leituras nos ajudam a viver o clima dos mistérios que celebramos:

A 1ª leitura apresenta um Profeta anônimo, chamado por Deus,  a testemunhar no meio das nações a Palavra da salvação.  Apesar do sofrimento e da perseguição, o profeta confiou em Deus e concretizou, com teimosa fidelidade, os projetos de Deus. (Is 50,4-7)

* Os primeiros cristãos viram neste “servo sofredor” a figura de Jesus. Ele é a Palavra de Deus feita carne, que oferece a sua vida  para trazer a  salvação aos homens.

A 2ª Leitura é um lindo Hino Cristológico. (Fl 2,6-11) Cristo é o princípio e o fim de todas as coisas, exemplo de toda criatura. Enquanto a desobediência de Adão trouxe fracasso e morte, a obediência de Cristo ao Pai trouxe exaltação e vida. Ele se despojou de sua condição divina, assumiu com humildade a condição humana, para servir, para dar a vida, para revelar totalmente aos homens o ser e o amor do Pai. Esse caminho não levará ao fracasso, mas à glória, à vida plena. E é esse mesmo caminho de vida, que a Palavra de Deus nos propõe. O Evangelho convida a contemplar a PAIXÃO e MORTE de Jesus, segundo São Mateus. (Mt 26,14-27,66) O texto nos introduz no clima espiritual da Semana Santa. Não é apenas o relato dos fatos acontecidos com Jesus, mas o anúncio de um mundo novo de justiça, de paz e de amor: 

– Jesus passou pelos caminhos da Palestina “fazendo o bem” e anunciando  um mundo novo de vida, de liberdade, de paz e de amor para todos. 

– Ensinou que Deus era amor e que não excluía ninguém, nem os pecadores. 

– Ensinou que os leprosos, os paralíticos, os cegos, não deviam ser marginalizados, pois não eram amaldiçoados por Deus. 

– Ensinou que eram os pobres e os excluídos os preferidos de Deus e aqueles que tinham um coração mais disponível para acolher o “Reino”; 

– E avisou os “ricos” (os poderosos, os instalados), de que o egoísmo, o orgulho, a autossuficiência, o fechamento só podiam conduzir à morte. É Esse projeto libertador de Jesus entrou em choque com a atmosfera de egoísmo e de opressão que dominava o mundo. 

– As autoridades políticas e religiosas sentiram-se incomodadas com a denúncia de Jesus: não estavam dispostas a renunciar aos mecanismos  que lhes asseguravam poder, influência, domínio, privilégios. 

– Não estavam dispostas a arriscar, a desinstalar-se e a aceitar a conversão proposta por Jesus. 

– Por isso, prenderam e condenaram Jesus, pregando-o numa cruz. A morte de Jesus é a consequência do anúncio do “Reino”, que provocou tensões e resistências entre os que dominavam o povo. A morte de Jesus é o ponto mais alto de sua vida;  é a afirmação mais radical de tudo aquilo que pregou: o dom total. Aprofundemos alguns dados que são exclusivos da PAIXÃO SEGUNDO SÃO MATEUS:

– Mateus relaciona os fatos da Paixão como Cumprimento das Escrituras: Mateus escreve para cristãos, provenientes do judaísmo… por isso, quer demonstrar que Jesus é o Messias anunciado pelos profetas. 

– No Getsêmani, Jesus condena a violência contra o servo do sacerdote… O caminho do Pai passa pelo amor e pelo dom da vida. Por isso, os discípulos não podem recorrer à violência.  

– Só no Evangelho segundo Mateus aparece o relato da Morte de Judas.  O episódio deixa clara a falsidade do processo e a inocência de Jesus. Mateus sublinha o desespero e o arrependimento de Judas, e deixa clara a inocência de Jesus.

– Só Mateus fala do sonho da mulher de Pilatos  e da lavagem das mãos.  Quer deixar claro que os pagãos reconhecem a inocência de Jesus e o próprio povo o rejeita. 

– Só Mateus descreve os fatos que acompanharam a morte de Jesus: “O véu do Templo rasgou-se em duas partes… a terra tremeu e as rochas fenderam-se. Abriram-se os túmulos e muitos dos corpos, que tinham morrido saíram do sepulcro, entraram na cidade e apareceram a muitos”. Para Mateus, são sinais de que Deus está ali como o salvador e libertador do seu Povo, apesar do aparente fracasso de Jesus, 

– Finalmente, só Mateus narra o episódio da “guarda” do sepulcro. Para os cristãos, o sepulcro vazio era a evidência de que Jesus tinha ressuscitado. Os Ramos verdes, que hoje carregamos, recordam a saudação de acolhida do Povo a Jesus, ao entrar em Jerusalém. Nós também queremos saudar a vida que ele trouxe e a misericórdia que encontramos em seu bondoso coração.

 (Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa – 09.04.2017)