06.11.2017

A Beleza da Vida Religiosa Consagrada.

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Anunciar Jesus Cristo significa mostrar que crer nele e segui-lo não é algo apenas verdadeiro e justo, mas também belo, capaz de cumular a vida de um novo esplendor e de uma alegria profunda, mesmo no meio das provações.

A Vida Religiosa Consagrada é “bela” porque ela é “um dos rostos concretos que a Trindade deixa na história, para que os homens e mulheres possam sentir o encanto e a saudade da Beleza divina”.

 É “bela” porque ela tem a “missão de indicar o Filho de Deus feito homem como o esplendor perante o qual qualquer outra luz empalidece, a Beleza infinita, a única que pode saciar totalmente o coração do homem”.

É “bela” porque ela recebe força e “inspiração da Cruz, da contemplação do Crucificado” e, a exemplo de Cristo na Cruz, é uma vida de total doação a Deus e ao povo de Deus.

A Vida Religiosa Consagrada é “bela”, pois tem a “função de tornar presente a forma de vida que Jesus escolheu”. Ela é “réplica”, uma transparente imagem de Jesus que se despojou de tudo e assumiu a nossa humanidade. Ela é um reflexo da Beleza de Cristo na cruz.

Quanta “beleza” do Crucificado brilha no rosto de tantos Religiosos e Religiosas. A “beleza” dos Religiosos e Religiosas é uma beleza que humaniza, torna a pessoa “bela” e se torna “processo de humanização”, no sentido de que promove o humano, sua dignidade e seus valores.

O Papa Francisco, falando às Superioras Gerais, apresenta o lado humanizante da Beleza da Vida Religiosa Consagrada expressa pelos Votos:

A Obediência, “como escuta da vontade de Deus, na moção interior do Espírito Santo, autenticada pela Igreja”, aceitando que essa “passe também por meio das mediações humanas”.

A Pobreza, “como superação de todo egoísmo na lógica do Evangelho, ensina a confiar na Providência de Deus” e “como indicações a toda a Igreja de que não somos nós que construímos o Reino de Deus, não são os meios humanos que o fazem crescer, mas é primariamente o poder, a graça do Senhor, que opera por meio de nossa fraqueza”.

A Castidade, insistindo sobre a importância da maternidade da Vida Religiosa Consagrada, da sua fecundidade. “Que a alegria da fecundidade espiritual anime a vossa existência; sejam mãe, como figura de Maria Mãe e da Igreja Mãe. Não é possível compreender Maria sem a sua maternidade, não é possível compreender a Igreja sem a sua maternidade. E vós sois o ícone de Maria e da Igreja”.

Sendo a Vida Religiosa Consagrada uma “beleza” humanizante, ela se torna também uma profecia vivida mediante os Votos, que é a característica própria da Vida Religiosa Consagrada.

A Formação à Vida Religiosa é “bela”, é uma beleza exaltante e, ao mesmo tempo, trabalhosa. Uma beleza que me provoca e me toca profundamente, e não me deixa continuar a viver como antes; supõe um caminho de purificação e de renúncia a outras belezas inferiores. A formação é uma beleza que se descobre à medida que é traduzida em existência, no dia a dia e em escolhas existenciais e coerentes.

Não está fora de lugar recordar uma verdade muito antiga e sempre atual e que pode ser descrita mais ou menos assim: o crescimento e o amadurecimento como pessoas exigem sempre a disponibilidade e a capacidade de renúncia. Trata-se de atitude que pode levar vários nomes, dependendo das diferentes perspectivas: mortificação, frustração, sacrifício, ascese, autodomínio, combate espiritual, luta etc.

A Formação é verdadeira e bela quando é apostadora e desafiadora, pois a vida é preciosa demais para gastá-la por pouco!

A Pastoral Vocacional é “bela”, porque o orientador vocacional é uma pessoa “bela”, realizada, encantadora. Ele(a) é feliz porque se sente realizado(a) em viver a Beleza do projeto de Deus. Vive a alegria de estar respondendo ao chamado de Deus, doando-se totalmente a Ele no serviço aos mais pobres e necessitados.

O acompanhamento vocacional é “belo” porque é um itinerário de busca e beleza e de formação para perceber seus sinais e se sintonizar com a Beleza absoluta que é Deus. Um(a) vocacionado(a) é sempre um jovem “tocado pela Beleza”, mas não somente pela Beleza divina, que atrai a si e fascina como ponto de chegada, mas também pela beleza do caminho de sua busca, de suas etapas, até de suas fadigas, porque é belo buscar e é feliz aquele que se põe na busca do Senhor. É interessante que no Sl. 104 se diga que a alegria e a beleza estão na busca: “alegre-se o coração dos que buscam o Senhor” (v.3)

A Pastoral Vocacional é “bela” porque o orientador (a) vocacional sabe que, como escreve o poeta Mário Quintana, o “segredo não é correr atrás das borboletas. É cuidar do jardim para que elas venham”. O segredo é cuidar da “beleza” da própria vocação e da “beleza” da vida de Comunidade para que outros (as) jovens possam ser atraídos (as).

(Conf. Giovanni Cipriani – Revista Convergência – Outubro -2017)