17.04.2019

“ Aquele que se serviu comigo no prato é que vai me entregar.” ( Is 50, 4-9; Mt 26, 14-25)

 

An unrecognizable Caucasian man kneeling and praying on a dock at a lake. Man is folding his hands and is in silhouette. One person is in the image. Sun flare and beautiful sunrise highlight the Christianity themed image. Man is in his 30s and is alone spending time with God.
Istock

 

  • Quando se inicia um tempo de oração, vale sempre a pena dispor de alguns minutos para ficar em paz, para ter mais silêncio, para ficar mais concentrado. Santo Inácio chama isso de “adições”, ou seja, sugestões práticas para criar um ambiente favorável para o encontro com o Senhor, que está sempre a nossa espera.
  • Pacifique seu corpo, silencie sua mente, aqueça seu coração. Sinta-se conduzida pelo Espírito para chegar até as profundezas de seu interior.
  • Suplique a Deus a graça da fidelidade a seu Projeto de vida, mesmo nas dificuldades e na falta de apoio dos outros.
  • Deixe que as considerações a seguir façam você se sentir solidária com Jesus, que, apesar das traições, mantém sua fidelidade ao sonho do Reino.

Ontem o evangelho falou da traição de Judas e da negação e Pedro. Hoje, fala novamente da traição de Judas. Apesar da convivência de quase três anos, nenhum dos discípulos ficou para tomar a defesa de Jesus. Judas traiu. Pedro negou, todos fugiram.

Poucas experiências destroem alguém por dentro como a traição.

A traição que, à primeira vista, pode parecer ser prejudicial apenas ao outro, de maneira geral vem acompanhada de um forte sentimento de culpa para o traidor. E, ao sentir a culpa pela traição, a pessoa entre em conflito emocional; algumas caem até no desespero.

Quem traiu e quem foi traído assumem reações semelhantes, como esvaziamento da afetividade, sensação de inutilidade vital, desorientação, perda do sentido da própria existência, angústia, pânico, fobias e medos generalizados diante das pessoas e do mundo. A traição desmonta a esperança no outro ser humano e leva à descrença na existência do amor. A traição tira do ser humano sua capacidade de dar respostas à vida, de envolver-se num projeto e num ideal maior, que ultrapasse o valor de sua própria vida.

Aquele que traiu sofre, pois não confia em si mesmo, não consegue acreditar que mereça confiança. O traidor condena-se à solidão e à culpa existencial, destrói-se e destrói todos ao seu redor, culpando o mundo por seu sofrimento; trai-se a si mesmo, torna-se, aos seus próprios olhos, um monstro, não merecedor de amor, o que o leva a trair mais ainda.

Se a pessoa trai a si mesma, ela fracassa em sua busca, frustrando-se na tentativa de realizar-se enquanto ser humano. E, na ausência de respostas, angustia-se mais, trai mais, atropela os outros que a amam, machuca a todos ao seu redor, procurando justificativas para seus atos e destruindo-se a si mesma em cada nova tentativa de ser amada.

  • Com a imaginação, mais uma vez deixe-se conduzir pelo Espírito para “entrar” no clima da Última Ceia; olhe as pessoas presentes junto à mesa; escute as densas e últimas palavras de Jesus na Ceia; observe as expressões faciais de Jesus e dos discípulos.
  • Faça um colóquio com o Senhor: converse com Ele sobre os sentimentos contraditórios que nascem da fidelidade d’Ele e da traição de Judas.
  • Termine a oração, dando graças a Deus por este momento tão intenso; escreva, no caderno de vida, os apelos, luzes, inspirações que brotaram do coração.
  • Recitar: “Alma de Cristo”.